Monday, March 20, 2017

O Templo Budista do Humaitá



A noite anterior não fora muito típica muito menos tranquila: uma bomba de gás lacrimogêneo explodindo a um metro, a garganta fechada, os olhos ardendo, o susto, mais susto e indignação e nojo que propriamente dor. Que garganta e olhos logo se restabelecem, a intenção do governo golpista truculento não é outra senão intimidar, para na próxima manifestação o sujeito lembrar da bomba e se decidir por não ir. Eu me lembro da bomba e vejo que mais do que nunca é preciso ir, aliás, quando será a próxima?

A noite não fora tranquila, na manhã seguinte decido ter com Buda, ali no Centro Nyingma de Budismo Tibetano, no Humaitá. Nas palavras de Hugo Sukman, Humaitá é um "bairro pouco existente". Nas palavras de outros, ele nem existe, algo como a "perna da sereia", que foi como Aldir Blanc se referiu à Muda.

Sempre acreditei no Humaitá, depois de anos atravessando-o. Agora, depois dessa subida ao templo, ainda mais. Mas não descarto que seja apenas sonho, como aliás também o Jardim Botânico e Botafogo, e todo o Rio e o Brasil e o cosmos, um largo sonho de Sidarta que um dia deitou-se sob a figueira.

Falando em figueira, não se chega ao templo por ruas de nome feio (ver aqui ou aqui). Pega-se a Fonte da Saudade e em seguida a Casuarina e depois a Bogari. Pura poesia.













1 comment:

Ivo Korytowski said...

Conheci e frequentei o de Santa Teresa, que agora está em decadência devido à violência na região, mas esse aí não conhecia, maravilha!