Sunday, September 27, 2015

Painel Azulejar de Djanira



Ao longo de sua vida, Djanira realizou três paineis de azulejos: uma Santa Rita na igreja homônima na modernista Cataguases, uma Santa Cecília para a sua casa em Santa Teresa e uma Santa Bárbara para o túnel homônimo que liga o Catumbi a Laranjeiras. Os três de santas, os três nos anos 60.

O de Cataguases está lá, pretendo visitá-lo em breve. Daquele de sua casa não tenho notícias. O do túnel foi retirado após anos de exposição às intempéries. Depois de longo tempo encaixotado, foi restaurado e transferido para o Museu Nacional de Belas Artes, reinstalado em pátio a que não se pode ter acesso. Felizmente podemos vê-lo a partir de uma sacada, perto dos banheiros. Ou seja, tem-se acesso a um imenso e lindo painel azulejar como que por acidente.

Neste, a filha de mãe índia com pai austríaco 'retrata' anjos músicos com operários, de modo a lembrar os treze trabalhadores mortos em acidente ocorrido durante as obras. Santa Bárbara, não custa lembrar, a santa invocada quando relampeja e troveja, é também padroeira dos mineiros e operários de galerias subterrâneas. 

Assim Djanira mantém-se lírica e política. Em 1964.

Os azulejos do lindíssimo painel pareceram-me um tanto quanto foscos. Será que isso tem a ver com a restauração? Fica a dúvida.





Friday, September 25, 2015

Botequins Interistas ::: Azulejos Azuis e Pretos

Nossa Senhora das Graças


Combinação raríssima, esta de azulejos enxaquetados azuis e pretos. Chamo-a de interista por causa das cores da Inter de Milão. Poderia chamar de gremista, nada contra, mas o Grêmio orgulha-se de ser o tricolor gaúcho, e o lance aqui é realmente bicolor.

Encontrei certa feita numa das colinas de São Cristóvão, num botequim meio mercearia. Depois foi num pe-sujíssimo e decadente em Santa Rosa, mas os azulejos limitavam-se ao exterior do estabelecimento.

Agora que fui a Pilares, logo dois de uma vez: o Café e Bar Lumiarense e o Café e Bar Nossa Senhora das Graças. Enquanto naquele a parede azulejada é escondida atrás de pilhas de caixas de cerveja, neste ela se exibe em todo o seu esplendor. Graças.

Aliás, fato curiosíssimo. Encontrei destes azulejos no bairro também em uma serralheria e em uma casa, onde emolduravam janelas.

Café e Bar Nossa Senhora das Graças (e as 3 seguintes)




C.B. Lumiarense - Pilares

Café e Bar São João do Monte ::: São Cristóvão

idem

Leiteria e Bar Espírito Santo - Santa Rosa
Serralheria em Pilares

Friday, September 18, 2015

O Honório Gurgel está?



Alguma coincidência no fato de: no dia que escolho conhecer Honório Gurgel, pela vez primeira na vida, de manhã, antes das aulas, tomo minha média com pão e manteiga no Joia assistindo na TV a tomadas espetaculares de um arrastão em... Honório Gurgel, claro.

Os mais supersticiosos teriam visto aqui um sinal e comigo não foi diferente, de modo que à tarde já estava lá na Rua das Safiras, local mesmo do arrastão e da perseguição espetacular.

Fui em busca de um botequim (ver aqui) que com alegria encontrei.

E encontrei também alguma coisa mais.











Thursday, September 17, 2015

Botequins do Honório

Lanchonete da Valéria


Desta vez o objetivo era claro, o que tornou a incursão a Honório Gurgel relativamente curta : encontrar aquele botequim onde o Luiz Antonio Simas fizera o seu evento, de tão improváveis quanto raros azulejos roxos e amarelos, padrão que eu só tivera e tenho a felicidade de ver no Almara, na Praça da Bandeira.

Veni et vidi vicit. O boteco Lanchonete da Valéria continua lá, na praça que ostenta o nome de seu falecido marido, e lá continuará enquanto ela for viva (Deus proteja), que no piso e nos azulejos ninguém mexe. Exemplo vivo de consciência de patrimônio histórico de botequim. Tombamento já!, do botequim e da Dona Valéria.

E claro que pelo caminho se encontram outras coisas dignas.

Lanchonete da Valéria (até segunda ordem)




Bar e Mercearia Pautília

Também

Bar Pinta o Sete ::: adoráveis cobogós

Pinta o Sete

Pinta o Sete

Sunday, September 13, 2015

Osanna Eterno



Li certa vez em livro sobre o progressivo italiano que o Osanna fez isso e aquilo mas falhou em produzir a sua obra-prima, o que é de todo falso porque temos aí o Palepoli, capolavoro não apenas do Osanna, do rock progressivo italiano ou do rock progressivo, mas de toda a história da música ocidental.

Grandes entendedores, como meu ex-vizinho de porta Aírton, que inclusive se correspondia com os caras, preferem o L'Uomo, disco ainda ingênuo e desigual, mas com seus muitos méritos.

No Landscape of Life, eles voltam ao problema da língua e cedem, já desde o título, à merda do inglês. É outro disco desigual.

As duas últimas faixas, no entanto, "Fiume" e a instrumental (assim resolve-se o dilema da língua?) "Somehow, Somewhere, Sometime", são ainda o que de melhor pode haver no rock progressivo italiano na primeira metade dos anos 70.

Tive a felicidade de comprar meu disco em Napoli, pertos dos telhados mesmo que eles escalaram, como antes os Beatles e depois o Blur.


Botequins de Todos os Times II

Graja's Bar - Lins


A descoberta do impagável Rainha dos Caldos na Vila da Penha provoca este aqui post, natural continuação destoutro aqui, ambos a celebrar o fato desta mui leal cidade ser a uniquinha do mundo a ter quatro times grandes. Estes botequins celebram também certa convivência pacífica entre as quatro torcidas ou, antes, a idealizam. De um modo ou outro, válido. E quando incluem um castor ou um diabo (como o Escangalha Sossego), a coisa fica inda melhor.

Rainha dos Caldos : Vila da Penha

idem

ibidem
Bar do Gil :: Vila da Penha

Bar do Marquinhos ::: Cascadura

? - Lins do Vasconcelos

Cantinho da Borborema - Madureira
Higienópolis

idem

Sunday, September 06, 2015

O Rio de Mário Lago, Rubem Braga e João Antônio



Falei da exposição aqui e aqui, mas não falei ainda dela em si, post exclusivo e tal. Talvez mais apropriado assim, nesta preguiça e indisciplina me alinho (ai de mim) aos grandes Rubem Braga, João Antônio e Mário Lago. Eles, cronistas, ainda tinham, para seu desespero, a obrigação dos prazos, coisa que um blogueiro hodierno não tem. Pelo menos não os da minha subcategoria.

Enfim.

A exposição é linda, um banho de carioquice, mas não aquela só clichê. Uma carioquice profunda e sensível. É exposição de lindas imagens, mas / e é exposição para se ler muito. E ouvir. Muitos vão pelo Mário Lago, tricolor fanático e rebelde que fez novelas da Globo. Lá esses muitos reveem o Rubem. E lá descobrem o João Antônio. (João que eu já redescobrira num botequim de Ramos, conforme escrevi aqui.)

Uma exposição obrigatória, que deveria constar em todos os currículos escolares e para-escolares. Na Mansão Figner, no Flamengo.