Sunday, August 29, 2010

Feliz Dia dos Pães!







Eia, com atraso indesculpável seguem fotos do meu segundo Dia dos Pais enquanto pai e quadragésimo-segundo enquanto filho.

Fui ao Mercado de Peixe, sentei-me só no Bar Temporal que começava mui timidamente a receber gente e tomei cerveja.

Antes Tutuca me dera presentinhos, coisinhas simples como copos de whisky turcos.

Quando ia ligar pro pai...ele ligou! Isso deve querer dizer alguma coisa.

Dani veio, qual ano passado, e fez nachos de entrada.

O pièce-de-resistance foi camarao ao curry, refogado no alho com gengibre em pó. O molho levou pimenta calabresa, chilly, folhas de coentro...
O arroz é que era muito básico, com sementes de coentro, louro e um pouco de açafrão.

Todo dia é dia dos pais. Mas todo domingo (ou um sim outro não) ele podia ser assim celebrado.

Thursday, August 26, 2010

Eyes wide open (até onde permite a conjuntivite)

Tenho a mão direita quebrada, conjuntivite nos dois olhos e dor de cabeça, do que acredito ser (inédita até então) sinusite, já que o nariz dói se o aperto, como se nele crescessem espinhas. Ou espinhos. Tá, de acordo que dá pra viver sem apertar o nariz, mas o desconforto é o mesmo.
Agosto é uma lagarta lenta a caminhar no pixe quente, deixando atrás de si seu visgo.
Estou no 996, que agora é 751 (mas isso foi antes de agosto), voltando de reunião enfadonha em que muito se fala, pouco se ouve e turnos de fala são disputados.
De súbito saímos do túnel. Saúdo minhas figueiras ancestrais do Catumbi e logo estamos rasgando o Morro da Providência, atravessando casas e seus homens e mulheres.
Escondo-me atrás de lentes escuríssimas, de meu iPod e de minha tipóia. E como toca em meus ouvidos um solo de guitarra maravilhoso e infinito, e como na fachada das casas velhas há santos em losangos de azulejos, e como um sol velho e gordo agoniza por detrás do morro (o crepúsculo é sua carta de suicida), sinto-me vivo, muito vivo.
E feliz.

Sunday, August 15, 2010

It pours

Quebrei a mão, o que, dentre outras efemérides agostinas, torna a atualização do bloguinho pouco mais difícil.

Fato é que when it rains, it pours. May not be my favourite proverb, but it's so unfortunately very true.

Friday, August 06, 2010

Pastoria



Ao entrar no táxi e dar o comando, o taxista, entre assustado e desconfiado, replica: "Mas eu nem espirrei...". Explico: "Não, moço, quero ir para Saúde, aquele bairro perto da Gamboa, na Zona Portuária".

Seguia eu para um restaurante, que chegou para abalar o lugar (de honra) que o Nova Capela ocupa em meu coração. "Chegou" é bem modo de dizer, já que o Restaurante e Café Pastoria, mais conhecido como 28, está ali na Barão de São Félix, na Saúde (ou Gamboa?) há mais de 70 anos.

Mas só fui conhecê-lo agora, e lá levei o pai para almoçarmos.

Se o Nova Capela é um jóia, o 28 é uma jóia não-lapidada, de durezas a arestas que podem mesmo assustar. A começar pela localização, atrás da Central. Cheguei nele passando pela Rodoviária e o que se vê no caminho deixa Nova Déli no chinelo. A rua mesmo em que ele se situa é também bastante degradada, embora em meio a esse cenário de eyesores divisem-se alguns prédios, casas e detalhes arquitetônicos sensacionais.

O restaurante em si também não é de badalações. Seu charme reside no despojamento absoluto: velhos suportes para pendurar paletós (e o chapéu do Seu Inacinho), e o cardápio com os itens datilografados, em que figuram as estrelas cabrito, leitão, polvo.

Fui de polvo, meu pai caiu no leitão crocante com batatas coradas. Os pratos não dão para dois, o que pode ser uma vantagem: indo-se em dois, tem-se a chance de provar dois pratos. Em três, três, e por aí...

Os donos são dois purtugueses de Vila Real, Amândio e Jacinto, que aqui chegaram há 50 anos. Nunca voltaram a Portugal, mas dizem que ainda retornarão, de visita, o que sabemos não ser verdade.

Jacinto guerreou em Angola. Deve ser bom (interessante talvez seja palavra mais apropriada) sentar com ele depois do expediente e, em meio a cervejas e bagaceiras, ouvir-lhe histórias...

E então minh'alma servirá de abrigo



Não é que este bloguinho metido e despretensioso chegou ao tricentésimo post?

Impossível não lembrar de Mário.

"Eu sou trezentos, sou trezentos e cinqüenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei ao Piauí buscar outro!

Abraço no meu leito as melhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!

Eu sou trezentos, sou trezentos e cinqüenta,
Mas um dia afinal toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo."

Que faço agora? Rumo aos próximos trezentos? Com metas tipo um post por dia? Corro atrás de um patrocínio? Boto anúncios no orkut? Vou ao Piauí buscar um deus?

Sunday, August 01, 2010

Faltou um licorzinho

Durante a degustação do Café Jacu, gostoso pra chuchu, assaltou-me voraz vontade de tomar uma grappa. Isso, gosto imenso de licor ou destilados com café, sobretudo se o café é bom pra cacete (epa). Não tinha grappa, de modo que fiquei na mão (opa).

Depois ocorreu-me: na verdade, para acompanhar um café desses, café, repito, feito a partir dos grãos de café encontrados no cocô do Jacu, bom mesmo seria... um Licor de Merda!

Tomei-o uma única vez, há muitos muitos anos na casa do então amigo João Ernesto, assim chamado em homenagem, velada, ao Che.

O que achei? Ora, uma merda! Repeti a dose!

Para os que estranham: o Jacu é café brasileiro, com muito orgulho (ou não). O Licor de Merda é purtuguês, de Castanhede.

Não estranhem, ora pois. Afinal, da culinária lusa saem pratos como a punheta de bacalhau (fácil de fazer, é muito querida pelos solitários), a sopa de grelos (da Beira), as caralhotas ou cacetes e, por fim, o Arroz de Pica no Chão (da dieta dos velhos, ainda que à sua revelia).

Parece sacanagem. E não é.

Vai tomar Jacu! ou Dois cafezes.

Esqueci de falar: depois do soberbo javali, pai e eu fomos à Saraiva Megastore comprar livros.

Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que no Café da loja, o Baroni, servem o Café Jacu. Para quem desconhece, o Jacu Coffee é o café mais especial deste país, extraído que é do cocô desta ave chamada Jacu.

Seus produtores inspiraram-se no café mais caro do mundo, o Lopi Luwak, da Indonésia, produzido a partir dos grãos encontrados no cocô do civeta, um gato selvagem. Como quem não tem gato, caça com pato, a galera do Espírito Santo faz algo análogo com o Jacu, que de praga converteu-se em solução. Uma solução ecológica, lucrativa, inteligente, uma merda. O quilo custa cerca de 240 reais.

Enfim, pode-se pedir: "Garçom, por obséquio, dois cafezes".

(Um vídeo do Globo Rural sobre este café de bosta: http://www.youtube.com/watch?v=0RiEtaS7k5s)