Thursday, April 29, 2021

A Cadela da Exclusão

A neuropediatra do Dante, conosco há mais de dez anos, tem seu consultório distante de nossa casa (o que já foi enorme transtorno, hoje bem menos) e suas consultas, lá vai litotes, não são nada baratas, com o agravante de que os preços obedecem a índices de reajuste muito próprios, cuja lógica me é desconhecida. Ela é excelente: profunda conhecedora da área, atenciosa, boa ouvinte.

Para a pediatra regular, no entanto, e não se veja aqui hierarquização, pensei em solução mais simples: alguém que atendesse pelo plano e num bairro próximo. Encontrei.

Logo na nossa primeira consulta ela perguntou sobre a escola do Dante. Ante minha resposta, indagou, muito melíflua: 'Você não acha que o Dante estaria melhor numa escola especial?'. Perdi o ar, mas consegui dizer 'Não, não acho não, e a educação inclusiva é um caminho sem volta'. Ela percebeu meu desconforto, não insistiu, examinou o pequeno. E se revelou, a propósito, ótima profissional: carinhosa, paciente, também boa ouvinte.

Tantas vezes nos arrependemos achando que não demos a resposta certa. Olha, ali acho que acertei.

No entanto, hoje já não sei se a educação inclusiva é um caminho sem volta. Não achávamos ser a democracia caminho sem volta? Não houve / há o decreto 10.502, o Decreto da Exclusão? Educação inclusiva não é caminho sem volta, mormente em país que joga confete pra fascista. É aquela coisa, perdoem os chavões, será caminho sem volta com incansável (pra não usar 'eterna', pesada) vigilância. Mesmo porque, parafraseando Brecht, a cadela da exclusão está sempre no cio.

Wednesday, April 28, 2021

SAGRADO CORAÇÃO DA TERRA



Quem guarda tem.

 
Mexendo aqui no meu vinil do Sagrado Coração da Terra, encontro programa de show deles que fui em 1985 na Sala Funarte.
 
Impossível lembrar do meu 1985 sem lembrar do alumbramento que foi o Sagrado.
 
Pouco depois teve show deles no Parque Lage, abrindo para o Beto Guedes.
 
Eu estava ali para os dois -- Sagrado e Beto --, mas a grande maioria estava apenas pelo menestrel de Montes Claros. De modo que, após algumas músicas, começaram a demonstrar impaciência e esboçar vaias. E eu, sentado na marquise do Palazzo Romano, me levantei e mandei, aos berros, que fossem todos, em fila indiana, à merda.
 
E olha que nessa época eu nem bebia cerveja
 
Curioso que outro dia comentei isso com o Marcus Viana, o próprio, o homem por detrás do Sagrado. Ele disse não lembrar desse show.
 
Eu não esqueço

 


 


 

 

Tuesday, April 27, 2021

(O Progressivo entre) Os Melhores Discos Italianos de Todos os Tempos


Daquelas listas que a Rolling Stone gosta de fazer: melhores discos do ano, da década, da história, saiu na edição italiana de janeiro de 2012 uma lista dos 100 melhores discos italianos de todos os tempos. O foco, claro, era o rock, pop, pop rock, musica leggera.

E não é que.... há na lista oito trabalhos verdadeiramente progressivos? São eles, na ordem, e cumpre lembrar que não podia haver repetição de artista / banda :

9. Arbeit Macht Frei (73) - Area

44. Storia di un Minuto (72) - Premiata Forneria Marconi

51. Uomo di Pezza (72) - Le Orme

52. Aria (72) - Alan Sorrenti

59. Profondo Rosso (75) - Goblin

64. Sirio 2222 (70) - Balletto di Bronzo

85. Biglietto per l'Inferno (74) - Biglietto per l'Inferno

92. Darwin! (72) - Banco del Mutuo Soccorso


Agora é aquilo: o copo está meio cheio ou meio vazio? Pode-se sentar ao computador e enviar e-mails, extemporâneos e zangados, à revista:  Dove Museo Rosenbach? Dove Locanda delle Fate? Jumbo?! Campo di Marte?! Non so niente e só ouvem Eros Ramazzotti!!! (que não está na lista)

Ou pode-se arregalar as íris: caramba... oito discos foram lembrados!.... Biglietto!.... Um Alan Sorrenti progressivo!

Aos 15 anos eu teria escrito o e-mail. Hoje, 52, mais jovem e leve, arregalo as pupilas. Em um país com forte, fortíssima tradição de canção.... lembraram-se de oito discos progressivos.

Monday, April 26, 2021

(Queremos) A Cabeça do Moro

 


 


Sou colecionador de pratos da Boa Lembrança, conforme tratei aqui e aqui. Com a pandemia e o isolamento, 2020 foi ano difícil para a coleção, para a minha, para a sua, para tantas todas as outras. Ainda que as esperanças de 2021 logo tenham sido soterradas sob políticas do desgoverno genocida, o início do ano foi marcado por diversos lançamentos, como o do Fabrizio acima, em Arraial D'Ajuda.

Pensei logo: este nem se fosse a 100 metros daqui de casa: dispenso prato cujo nome remeta ao juiz ladrão, hoje devidamente desmascarado.

Uma pesquisa, no entanto, me fez conhecer a excepcional cerâmica da Sicília e a cidade de Caltagirone, já na minha wishlist. Destorci o nariz: teria este prato em minha parede, sim.

Mostrei isso tudo à Camila, que também não conhecia nada disso, na quinta-feira, nos empolgamos horrores a ponto de escolhermos já as cabeças di Moro que traríamos de Caltagirone para casa. Isso foi na quinta. Na tarde de sexta aboletamo-nos no sofá para assistir a A Voz Humana, filme mais recente do Almodóvar.

E na estante do apartamento de Tilda Swinto, lá estava ela: a testa di Moro. 

Onde sempre esteve.




O Velho Marinheiro de Coleridge no Rock Progressivo


Não apenas Shakespeare, Poe e Dante mexeram com corações, ouvidos e mentes do rock progressivo. The Rime of the Ancient Mariner, poema do inglês Coleridge que inaugurou o Romantismo, também chega junto.

Primeiramente temos um disco inteiro dedicado ao poema pelo inglês David Bedford, compositor de fatura erudita que também fez obras mais, er, populares. Que de pop não têm nada. Não é de fácil audição, mas muito bom. Um tal de Mike Oldfield toca guitarra aqui e quem quiser ouvi-lo mais nitidamente pode ir direto para 11'13" da parte II. Com Mike Oldfied e coral infantil, you can't go wrong. São dois minutos de puro nirvana.

Mappamondo, da banda italiana Errata Corrige, não foi lançado na época e só foi sair em CD em 1992. As primeiras músicas são de antes de Siegfried (1976) e dentre elas a longa faixa de quase dez minutos que tem por nome o poema de Coleridge. Bom. É um prog muito suave, começa muito bem com o acordeão, tem boas partes de guitarra e um sintetizador que parece do final dos anos 70. Em face do restante do disco, muito bom.

Décadas depois, em 2010, a banda Una Volta Eravomo in Sette lança disco também inteiramente dedicado ao poema, cantado em italiano, como já faz prever o título La Ballata del Vecchio Marinaio. Pelo que pude ouvir, ótimo.

Para não ficar por baixo, dois anos depois a Höstsonaten, do prolífico Fabio Zuffanti, também lança álbum para o poema, cantado em inglês. Como tudo do Fabio, há muito esmero: produção, letras, vocais, instrumentação. Só acho que poderia haver um pouco mais de ousadia. E lançar as mesmas músicas como instrumentais, sendo que só o vocal foi retirado, me parece um filler de que nem Roine Stolt em dia de preguiça seria capaz se fazer. E olha que adoro o Roine. Mas claro que o disco vale muito.

Fã de Pink Floyd, o também italiano Renato Pezzano lançou em 2018 um bonito Musique pour Enfants. A última faixa se chama "La ballata del vecchio marinaio".


Abrindo outras portas, o compositor inglês Howard Skempton também escreveu música para a bela declamação do barítomo Roderick Williams. Highly recommended.

"The Rime of the Ancient Mariner" fecha Powerslave (1984), do Iron Maiden. Em seus quase 14 minutos, a música mais longa da banda até então e muitos veem aqui o início do prog metal. Curioso que escrita por Steve Harris, o que mostra que Dickinson, com sua paixão por Blake, não era o único leitor na Donzela.


Por fim, na obra-prima Tabela Periódica, Primo Levi lembra sentir-se como o velho marinheiro quando precisa contar o que foi sobreviver a Auschwitz. Escrevi sobre isto e sobre Brennand aqui.








Sunday, April 25, 2021

A Cena Progressiva Zeneize


Tantos anos de audição e admiração pelo rock progressivo italiano nos levam a aprofundar a pesquisa, explorando bandas obscuras, cantautori,  projetos solo e, por fim, a geografia, isto é, as cenas específicas de cada região.

Faz diferença saber que Osanna vem de Nápoles e não de Milão? Que o Museu vem da Ligúria e o Campo di Marte da Toscana? Para mim, muita.

Nesse espírito que, há muitos anos, comprei Codice Zena, de Riccardo Storti, ótimo trabalho sobre a fabulosa e variegada cena progressiva de Gênova. De Gênova, uma cidade, e não da pequena região da Ligúria, tanto que duas bandas seminais do prog italiano -- Museo Rosenbach e Celeste --, ambas de San Remo, ficam de fora.

De ordinário curioso por palavras e nomes, aceitei Codice Zena sem pesquisas. Foi só muitos anos depois, comemorando o aniversário da Camila no restaurante Zena Caffè, em São Paulo, que, entre um gnocchi e outro, caiu a ficha: 'Gente, Zena é como se diz Gênova em lígure! Que máximo!' O que deixou o almoço ainda melhor.

Todo o meu respeito pela cena zena, zeneize, de que seguem exemplos da minha coleção.

PS: Fabrizio De André, genovês que gravou com a PFM em fins dos 70, tem álbum de 1984 inteiramente cantado em zeneize: Crêuza de mä.



 

A antologia ::: 











Bônus ::




Sunday, April 18, 2021

Deixa que eu Faço a Capa Também!

 


Contra aqueles que queiram ver aqui narcisismo do artista que quer ocupar todos os espaços, prefiro olhar mais generoso, algo como, relevem o exagero, Leonardo da Vinci, artista total.

Aliás, se não me falha a memória (cousa frequente), acho que Susan Sontag viu em Lennon esse artista pós-moderno, que joga nas 11: compõe, toca, canta, atua em filmes, pinta, faz performances.

(E talvez nem narcisismo nem artista total, mas... economia. John Entwistle falou que a capa de Quadrophenia custou 16 mil libras, o preço de uma casinha na época, enquanto o seu desenho para o Who by Numbers ficou por 32 libras. Que ninguém lhe pagou)

Minha proposta aqui é modesta, apenas juntar algumas capas feitas pelo próprio músico ou, no caso de banda, por um de seus integrantes.

Joni Mitchell é um caso especial, tendo feito a arte de mais de uma dezena de seus álbuns. E feito tão lindamente, que chegou a contribuir para outros: é dela a capa So Far (1974), coletânea de Crosby, Stills, Nash & Young.

No campo do progressivo, os poucos exemplo são significativos no que temos dois membros da banda fazendo a arte. Na obra-prima First Utterance, do Comus, o líder Roger Wootton pinta capa e contacapa, enquanto a arte interna é do guitarrista Glenn Goring. Em Landscape of Life, do Osanna, a capa coube ao baterista Massimo Guarino, e a arte interna ao vocalista / guitarrista Lino Vairetti.

 

  1969


 

 Self Portrait, Bob Dylan, 1970

 

    1970


    Teaser and the firecat, Cat Stevens, 1971


    1974

    John Entwistle, 1975

    Jerry Garcia, 1991

Progressivos ::

    Roger Wootton, 1971




    Glenn Goring, 1971

    Massimo Guarino, 1974



    Lino Vairetti, 1974

   Roine Stolt, 1975

Saturday, April 17, 2021

Rock Progressivo Italiano ::: 10 Músicas Instrumentais, pt. 2


Fazer duas postagens sobre rock progressivo italiano apenas com músicas instrumentais pode parecer, à primeira vista, que eu desgoste dos vocais italianos. Nada mais falso, a primeira vista é para os cegos. A primeira compilação está aqui. Nesta incluí músicas com vocalizações, a voz um instrumento.

Em ordem alfabética :

1) "Traccia", Banco del Mutuo Soccorso, 1972

2) "Contaminazione", Pierpaolo Bibbò, 1980

2) "Confessione", Biglieto per L'Inferno, 1974

4) "Alba di una Città  ", Città Frontale, 1975

5)  "Ancora Un'Alba", Delirium, 1974

6) "L'Ultima Foglia -- L'Albero", Formula 3, 1972

7) "Il Canto Dell'Arpa e del Flauto, pt.1", Pepe Maina, 1977

8) "Lady Ligeia", Pierrot Lunaire, 1974

9) "A Forma di...", Quella Vecchia Locanda, 1974

10) "Le Tue Radici, pt. 2", Alan Sorrenti, 1975

 


 


 









Tuesday, April 13, 2021

Anotações de um Jovem Leitor

Em postagem de julho de 2016 (aqui) tratei do hábito de fazer marcações em livros, herdado do pai. Isso voltou à tona ontem, lendo Anotações de um Jovem Médico, de Bulgákov, que lhe dei de presente em fevereiro e que ele, concluída a leitura das 214 páginas em dois dias, me emprestou.

Lendo ontem o impressionante conto "Tempestade de Neve" (que me trouxe à mente a cena final de Yol), encontro sua marcação, trecho em que o narrador faz referência a "Nevasca", de Tolstói.

Tolstói é sua nova paixão, descoberta aos 84 anos. Amou Ressurreição e quando pensou em desistir do Guerra e Paz ('muitos nomes em russo, muitas referências históricas'), sugeri 'Força na peruca, chegue à página 60!'. Ele chegou, ultrapassou e só se afastou do livro para tomar a primeira dose da vacina. 

Por ocasião da segunda dose, já estava enrolado com Anna Kariênina.

Viva a vacina, viva o SUS. 

 

Oh que maravilha é viver e inventar

Sunday, April 11, 2021

"El Tor" ::: Um Disco para uma Epidemia

Depois do irregular Landscape of Life (1974), o Osanna se separa, devido às suas diferenças musicais e políticas. Devido também à exaustão. Mas se separa em dois grupos: o flautista e saxofonista Elio D'Anna e o guitarrista Danilo Rustici formam o UNO e gravam disco em Londres em 1974, enquanto o vocalista Lino Vairetti e o baterista Massimo Guarino formam o Città Frontale e gravam "El Tor" no ano seguinte. Permanecem em Nápoles  e seria mais apropriado falar talvez em uma reforma,  pois Città Frontale fora a primeira encarnação do Osanna, com Giani Leone, do Balletto di Bronzo.

Ambos os discos são bons, o do Uno por vezes lembrando até o Landscape (as flautas de "Right Place"), ao passo que o do Città tem em "Duro Lavoro", felizmente a mais longa em seus 8' 21'', sua faixa mais brilhante, com menção ao sanguinário ditador Franco.

El Tor é um disco conceitual, que trata do surto de cólera em Nápoles em 1973, o nome "El Tor" referindo-se a uma cepa da bactéria vibrio cholerae, agente causador do cólera.

Eu ia escrever "cólera que assolou Nápoles", mas assolar, aqui, seria tão forte quanto impróprio. O surto epidêmico, lembrado até hoje, matou 12 pessoas na cidade.

Doze.

Foi controlado porque, em cinco dias, conseguiram vacinar 80% da população.

Como era bom o rock progressivo italiano da primeira metade dos anos 70.

 

Napolitano vacinado em 1979


 



PS: E olhando bem, não é que a capa do UNO (da Hipgnosis!) lembra também um vírus?! Mais o corona até?!



Friday, April 09, 2021

SEAS SEIZE SEES (porque 666 é coisa de criança)

Quando você sentir preguiça de levar a cabo algum projeto, lembre-se do carteiro Cheval, que por 33 anos construiu seu palácio ideal. 

Ou lembre-se do norte-americano Sigmund Snopek, que começou sua ópera-rock "Seas Seize Sees" (trocadilho para 666) em 1973. Compôs 20 músicas. Quase trinta anos depois resolveu terminá-la, escrevendo mais 28 canções.

 A obra enfim terminada tem três atos : DISCOVERY, CONSEQUENCES e AFTERMATH, totalizando 48 músicas. Das 27 músicas do primeiro ato, 19 foram escritas em 1973, bem como a última música do último ato. As oito músicas finais do primeiro ato bem como o segundo e o terceiro atos foram compostos entre 1996 e 1999, com exceção, como já dito, da última música. Em 1973 foi lançado um disco com o que havia de "Discovery". A ópera completa saiu em CD duplo pela Musea em 1999.

Há, com efeito, uma grande diferença entre o material escrito na década de 70 e aquele composto no final do século. O material antigo é bem variado, com toques de jazz, boogie, music hall e rock and roll. E humor. Harmonizações vocais e vocais semi-operáticos, bem impostados. Não é de fácil assimilação. Repetidas audições presentearão o ouvinte com uma montanha-russa de temas e tempos diversos. Sensacional. O material mais recente é bem mais progressivo e melhor produzido. Algumas faixas carregam uma absurda influência do Magma. Zeuhl da melhor qualidade.

No progarchives o álbum tem apenas uma resenha. E nota 3.09. Não é mencionado nos dois volumes de "Rock Raro". O Prog 40, que resume bem Sigmund na frase "un grande musicista, a lungo rimasto sconosciuto ai più", o inclui na categoria dos importantes, mas recomenda outros dois trabalhos que não este.

 


 



Sunday, April 04, 2021

Un regalo per Leonardo Sasso

Em agosto de 2012 Dante esteve doente, então vieram os cuidados, incluindo rock progressivo italiano na forma do Locanda delle Fate. Eram dias em que eu escrevia muito, preparando meu Caderno de Sonetos que seria lançado no fim do ano, de maneira que dos cuidados saiu um soneto:

 

SONETO PARA UM MENINO DOENTE OU TALVEZ OS VAGALUMES NÃO SE AMEM MAIS

Eu voltava aos sonetos do Caderno
quando ele despertou, bem às 14
desta tarde crestada de cansaços
e logo botei para tocar o Forse

le luciole ne se amano piu, parte
da dieta de cuidados e carinhos
oferecida ao pequeno, que arde
em febres. Mal abertos, os olhinhos

luzem mais que os meus, álacres e claros.
Engana-se quem vê aqui um pai
a cuidar de um filho: é mesmo o inverso.

É ele (Tu sarai grande più di Icaro)
a me fazer subir os quatro andares
e chegar ao décimo-quarto verso.

********    *********     *********

Por ocasião do show do Locanda em Niterói, em novembro de 2017, presenteei Leonardo Sasso com exemplar do livro, não sem antes, claro, contar-lhe a história e mostrar-lhe o soneto. Para ele e para o baixista Luciano Boero.

Um presente bobo, comparado a tantos presentes que eles me dão a cada audição e me deram naquele show maravilhoso 

 

Sasso autografa meu CD apoiado no meu livro!





Thursday, April 01, 2021

Palmas para o Rock Progressivo

Há muitos anos fiz uma postagem sobre o uso de palmas no rock progressivo a que chamei de... "Palmas para o Rock Progressivo", trocadilho previsível e eficaz. Publiquei em um finado fórum, de nome "Umagumma", e em algumas redes sociais. Jurava ter publicado aqui, mas não encontrei. Lembro que falava do Harmonium, do Triana, do King Crimson, do Genesis e mais algumas.

O assunto sempre me interessou, esse uso das palmas como que instrumento percussivo, o corpo um instrumento, de modo que sempre presto atenção (não tanto quanto a um Mellotron), mas não com a ideia de coligir tudo que ouço.

Mas eis que, coincidentemente, deparei-me com não duas ou três, mas cinco músicas com palmas na última semana. Então organizei tudo e trouxe pra cá e, como perdi a outra, aproveito o velho título.

Uma messe diversificada: um sueco hard, outro sueco RIO; um italiano contemporâneo e outro clássico, porém de música que só saiu em compacto! Por fim, um Pekka Pohjola de 79.

O mais interessante é atentar para os diferentes usos das palmas


"Rödluvan", do terceiro disco do November, de 1972

 

"Fem Holmgangar", do segundo disco do Zamla Mammaz Manna depois que trocam de nome, 1980.

 

"La Bestial e il Delirio", do espetacular segundo trabalho do Il Bacio della Medusa, 2008:


 

Faixa realmente rara do Il Balletto di Brozo, lado B do single lançado depois do "Ys"


 "Image of a Passing Smile", de um Pekka Pohjola de 79