Sunday, November 28, 2010

Você também?

Li em algum lugar que o U2 fará show no Brasil ano que vem, e, ao contrário do Macca que desta vez nos esqueceu (***sigh***), eles viriam ao Rio.

Nunca fui grande fã. Lembro de quando montei o schedule do meu curso Literary Rock e o mostrei a uma colega, grande fã da banda irlandesa. Ela o examinou e devolveu-me de olhos baixos, em muxoxos: "Esse não gosta de U2 mesmo...". É que não havia uma única menção à banda.

Quando estive em Dublin, aquela capital em que gaivotas grasnam downtown, vi em diversas livrarias um livrão portentoso sobre a banda, papel couché, repleto de fotos coloridas, a preço de banana. Nem. Deixei lá.

Do U2 lembro-me de certa noite no Circo Voador em que lá estava com minha tribo metaleira. Isso antes do primeiro Rock in Rio, antes de esta cidade descobrir o que são metaleiros. Enquanto aguárdavamos o show (Stress? Dorsal?), passaram vídeos no U2 no telão. Meus amigos, meu irmão em primeiro lugar, odiaram, babaram bílis, mandaram o pobre do Bono enfiar aquela bandeira branca no fiofó. Mas eu gostei do que vi.

E eu estava em Chicago em 1987, ano do Joshua Tree. Um desbunde. Só se falava nisso. E é mesmo um disco clássico.

Mas se o U2 der por estas bandas, irei vê-los é por outro motivo. Temos vários CDs da série "Babies Love": Beatles, Carpenters, Pink Floyd (que Dante e eu ouvimos toda noite toda a noite), Police, Phil Collins. Mas é no do U2 que recai nossa predileção e o qual usamos, toda tardinha, para niná-lo. Nele não apenas reconheci músicas várias, como as óbvias "Sunday Bloody Sunday" e "New Years Day", de que nem gosto tanto, e "One" (linda), como aprendi músicas que desconhecia, como "40", "Bad" e "Van Diemen's Land": todas lindas tocantes, que fazem deste momento um instante de ternura indescritível.

Por isso gostaria de ir ao show.

E quem sabe até incluí-los no meu próximo Literary Rock? =)

Friday, November 26, 2010

Acordar angustiado no domingo

por ter ficado até 00:30 de sábado assistindo a A Fita Branca, de Michael Haneke.

E eu, que tanto amo trilhas-sonoras (estão aí Wim Mertens, Philip Glass, Gabriel Yared, Zbigniew Preisner e, claro, Michael Nyman para prová-lo), fico embasbacado com filme em que trilha não há. Herança de Dogma? Caminhos similares ao do malaio Tsai Ming-liang? Porque música há, mas apenas incidental. Temos as notas que emergem desafinadas do harmônio tocado pelo professor primário. Temos a dança dos campônios na Festa da Colheita, temos Bach na missa. Mas este é filme de silêncios.

De Haneke eu já assistira ao igualmente perturbador A Professora de Piano. Para quem sentir cócegas de interesse: cuidado. Haneke gosta de explorar não apenas nossas comezinhas hipocrisias, mas também a sordidez que se lhe pode acompanhar.

Não é um filme didático (como é, por exemplo, O Menino do Pijama Listrado). Dizer que ele explora as origens do nazismo é dizer pouco. Mas é impossível deixar de fazer as contas. Afinal, são aquelas crianças, perturbadoras e perturbadas, torturadoras e torturadas, de 10, 11, 12 anos -- são aquelas crianças que estarão no ápice de suas forças físicas para ingressar as fileiras das SS, possivelmente já como oficiais.

Impossível também não lembrar do filme mais terrível de Pasolini, cujo nome não digo. Afinal, há uma representação quase esquemática das classes sociais e o que estas representam: o barão dono de terras (nobreza / burguesia afluente); o médico (profissional liberal / ciência); o pastor protestante (o velho cristianismo, sempre mancomunado com o poder). Três homens hediondos, em especial o segundo. Como sabem manter tudo sob a capa grossa das aparências, seguem. Nem sempre felizes (cai-se do cavalo logo no início, quebra-se uma clavícula), mas sempre no poder.

Saturday, November 20, 2010

POLEIRO DO GALETO



Na sexta almoço no Poleiro do Galeto, no CADEG, em Benfica. Já estivera empoleirado por aqui, coisa de uns seis anos, quando ficamos eu, Bia, Alexandre e Afonso por horas tentando chegar a uma conclusão (e definição) do que seria um concunhado. Se chegamos a alguma conclusão, pouco lembro, que esses assuntos são muitos dificultosos.

Chego cedo, o purtuguês me encara sério, muito sério, pensando cético enquando mastiga palitos: "Esse puto não é daqui... Que será que esse galego queire?"... Esta minha condição: se vou ao Antiquarius, I don't belong; se vou ao Poleiro, idem... Nem esquento mais, em vez disso: peço cerveja. É cedo, só tem eu sentado. O dono tabém bebe com um colega. Nisto entra o Caldeira, padrasto do meu cunhado e, para estupefação do purtuguesão, saudamo-nos, abraçamo-nos cordiais.

O Poleiro do Galeto é pé-sujo mesmo, de moscas, cheiro de mijo de gato e donos encarantes, e assim o quero eternizado, intacto, suspenso no ar. Tenho medos de que aconteça com o CADEG o que aconteceu com o Mercado Municipal de São Paulo e, em menor intensidade, com o Mercado São Pedro (ver primeiro post do ano). Tenho medo de que o aburguesem, o higienizem em excesso. Quero sentar aqui e ver defronte a loja de ovos Gema Dourada, toda ela azulejos azuis (imenso banheirão), com folhinhas de santos e de festas purtuguesas. Já instalaram aqui o Barsa, restaurante de chef, mas espero que pare por aí.

Voltando ao Poleiro: meu sobrinho chega e pedimos o almoço. Aqui é assim: todo dia tem bacalhau e mais o prato do dia. O de sexta, eu já sabia, que saloio não sou, é o cabrito. Custa 27 reais, serve bem duas pessoas e vem molhando a farofa, o arroz e as batatas. Não é como o do Nova Capela, filé. O daqui vem cheio d'ossos, na vinha d'alhos. Aliás, já que comecei a comparação, continuo: pagará a pena voltar ao Capela, pagar 65 reais por um cabrito seco em porção que hoje mal dá para um?

Ao sairmos, o Poleiro está cheio, ocupam várias mesas pelos corredores. Meu sobrinho me fala que agora tem loja vendendo cervejas especiais por lá. Tão vendo?, é o sinal da "sofisticação". Mas eu lá vou, claro, e me refestelo com Flying Dogs, Colorados e Wäls. Mas isto já será assunto para outro post.

Tuesday, November 16, 2010

Palhaço (ao vivo)

Em post muito antigo, de 21 de janeiro de 2009, Dantuca mal completara um mês, escrevi sobre um sonho realizado: niná-lo ao som da linda "Palhaço", do Egberto.

E não é que domingo passado tivemos "Palhaço" tocada ao vivo em nossa sala? Visita de músico é assim mesmo. Você pede canja, fazem muxoxo, alegam calos, cansaços, contratos seriíssimos. Você não pede nada, e o presente vem: todo surpresas...
De qualquer modo, credite-se a penumbra a dois fatores: minha atual alergia a flash e, sim, eles (plural porque além da gaita tem um sujeito no sofá tocando caxixi) têm um contrato atual com a Polygram, que não os cedeu gentilmente!

Sunday, November 07, 2010

Coleções

Enquanto lá fora o sol está sai não sai, decido inaugurar um novo tag por aqui: coleções! Não vai faltar assunto!

E pra começo despretensioso de conversa, alguns exemplares de parte da minha coleção de CDs de rock progressivo canadense da primeira metade dos anos 70.


Para quem achou...







...que houve exagero, poetagem, no post Minha Vida Inteira seguem duas fotos jornalísticas, referenciais, comprobatórias da ubiquidade da presença do Dante nesta casa e neste coração, que também é casa.




A primeira foi tirada na mesa da sala, estava corrigindo provas. A segunda... é do escritório, não é do quarto dele, não.

Saturday, November 06, 2010

Corta o cabelo dele, corta o cabelo dele!




Na véspera cortei a franja, enquanto ele bebia sua agüinha de coco. Eu, que nas palavras da Bia, nunca cortara nem cabelo de boneca (Como ela sabe disso?). Mas quando chega a madrinha (uma das), aí, meus caros, é que a tesourinha trabalha infrene. E nosso ripinho rebelde transforma-se num iãpizinho comportado. Ou quase isso.
Tudo, claro, enquanto o poverino é distraído com a mamadeira... Covardia...