Monday, June 27, 2016

Dois Painéis de Manoel Igrejas no Riachuelo



Vi no instagram do meu amigo, também fotógrafo de miudezas, Henrique Kurtz painel azulejar do Manoel Félix Igrejas na Igreja de São João Bosco no bairro do Riachuelo. O google diz que é Engenho Novo, os taxistas ignoram solenemente a Rua Luís Zancheta e por lá dirão que estamos no Jacaré. Isso é o de menos. O painel está lá: pintado em 1989, são 120 peças de tons sóbrios, porventura para compor com o santo salesiano. É painel externo, da rua se admira.

Mas quem se decide por vingar a pequena ladeira que dá na igreja ganha um doce, no caso um outro painel do Manoel com 184 peças, três anos mais moço que o externo, bastante retangular, em que a presença de Nossa Senhora, do Menino e de meninos asados torna tudo mais colorido e alegre, despudoradamente naïf, tão Igrejas.

E ao pé dali, a surpresa do pequeno fortim (ver aqui), quando aí já é o caso de agarrar-se ao flamboyant para não alçar voo. Como os gurizinhos alados.







Thursday, June 23, 2016

Caquinhos do Jacaré





Sigo aqui firme inventariando os pisos de caquinhos da nossa cidade. Outros lutem para carregar a tocha e fazer selfies, sigo aqui diligente. Esta incursão foi no Jacaré, sendo a última Riachuelo. Adorei o resultado final. O símbolo do piso com o cachorro lembra os 400 anos do Rio de Janeiro (sacada da Maria Lucia dos Anjos). E o exemplar acima, uma digna pista de autorama, com direito a um outro belo piso ao lado e gato preto no meio... valeu o risco.

Mais caquinhos aqui e aqui






Wednesday, June 22, 2016

Quando a Gabi acorda sonolenta



Aquele meu amigo, Andre Murray, até nisso foi igual a mim : demorou a ter filho e quando veio, veio coisa linda.

Gabi é uma linda menina, daquelas que pedem passeios em tarde fresca e mel em colherinha de prata. Quando estive no Babel, tinha acabado de acordar. E sabemos bem como é isso.

Quero voltar vezes lá, para passear com elazinha de saia godê.

Por enquanto, o limerique, não-terminado


Quando a Gabi acorda sonolenta
Ela faz coisa que tu nem inventa
Se damos festa de arromba
Mantém séria sua tromba
toda caramuja (mas a gente tenta).

O Fortim do Jacaré



Meu professor de Redação ensinou que nunca, mas JAMAIS, deveríamos lançar mão de letras maiúsculas para chamar atenção para algo em nosso texto. Aprendi a lição, que ora transgrido consciente. Este é um bem histórico REALMENTE desconhecido em nossa cidade, os vestígios do Fortim Caetano Madeira, que alguns dizem ficar no Riachuelo e outros no Jacaré.

Explico. Estive hoje por aquelas bandas para fotografar um painel azulejar do Manoel Félix Igrejas. Acabei encontrando dois painéis. De quebra, o pequeno forte. E ainda cousas muy interessantes no bairro do Jacaré, que sempre temi.

Ou seja, foram mais de dois coelhos com uma caixa d'água só.

E para 'vestígios', o forte não está nada mal: todo um pano de muralha e duas guaritas. Erguido entre 1793 e 1794 em terras que pertenceram aos jesuítas, a antiga Fazenda das Palmeiras. Um achado.

A construção, tombada desde 1938, encontra-se hoje sob o domínio do Colégio Salesiano. Em conversa com o jardineiro, este reclamou que eles 'nem podiam construir nada ali', ao que redargui que era um privilégio terem aquilo com eles.... Na esperança de, claro, fazer um pouco de educação patrimonial....




Tuesday, June 21, 2016

Babel, do Andre Murray



Conheci o Andre em 1985, durante o processo seletivo do American Field Service. Embora tivéssemos temperamentos bastante diferentes, ele extrovertido mulherengo cheio de si (cheguei a ouvir de sua boca 'Não tenho culpa de ser gostoso'), tornamo-nos próximos, muito próximos, principalmente no semestre que precedeu nossa viagem, o primeiro de 86. Gostávamos de Pink Floyd, livros e cerveja. Tratávamo-nos por Esponja e Esponjinha. Quando fomos para os EUA, ele foi para a Costa Oeste e eu para Chicago. Trocamos cartas, mas de volta ao Brasil nos vimos poucas vezes. Essas coisas, essas voltas, essas vidas.

Convidei sua mãe, Roseana Murray, sem atinar à época que ela era a mãe do filho, para um evento de poesia na PUC em 94, mas só fui revê-lo, em um restaurante em Ipanema, em 99. Ele já chef, eu já professor. Ainda esponjas.

Depois teve o Pavão em 2006 e agora de novo em 2016. Fizemos juras de que nos veremos novamente antes de 2026. 

Andre Murray é cozinheiro de mãos cheias. Uma refeição em seu Babel, no alto do Vale do Pavão, aonde só se chega (graças) em estrada de cascalho, é como deve ser uma refeição dessas : um evento, uma experiência sensória, espiritual, que transcende as lindes do comer e beber. Acho que peguei a melhor hora, aquela entre lobo e cão, quando as araucárias exibem suas silhuetas deslumbrantes contra o céu que escurece e a fritada de cogumelos com foie gras põe a gente comovido como o diabo. Upon the mountains overhead / a crowd of stars.

Gabi, Dani, Esponjinhas, Camila






Que prazer mais um corpo pede
Após comer lá no Babel?

Um gato macio e uma rede
Já posso partir. Tô no céu.


Monday, June 20, 2016

O rio faz aquele som :: cem pessoas cochichando

Rio Preto

Uma metáfora para o ruído do rio. Que não é ruído, é rio. Barulho do rio tampouco serve. Som do rio é fraco, não dá conta.

Então a metáfora da Elizabeth Bishop, na ótima tradução do Paulo Henriques Britto, ficará como a expressão em si, sem desmetaforizar-se. A isso chamam catacrese.

(...)
Quando a lua brilha branca
e o rio faz aquele som
de chama de fogão a gás --
aquele chiado que lembra
cem pessoas cochichando --
(...)

As igrejinhas da Mantiqueira

Maromba


Em 2013 Camila e eu levamos a sério nossa Operação Mantiqueira, visitando e amando, diligentemente, São Francisco Xavier (aqui), Santo Antônio do Pinhal (here) e São Bento do Sapucaí (aqui). Ficaram faltando Maria da Fé e Gonçalves. Ficou faltando tanta coisa.

E agora que voltamos a Mauá (aqui), mais igrejinhas de torre única central para a coleção.

São Francisco, Mauá, Maromba é tudo distrito, o que ajuda a explicar a singeleza da gramática arquitetônica. São Bento é sede de município e a sua igrejona tem duas torres. Cidade daquelas que Lampião não atacaria.

Os distritinhos, incluindo 'distritos do distrito', seriam presa fácil de Virgulino.

E de e.e. cummings

i am a little church (no great cathedral)
far from the splendour and squalor of hurrying cities
-- i do not worry if briefer days grow briefest
i am not sorry when sun and rain make april 


São Francisco Xavier

Distrito de SFX

Santana - SFX

Antônio do Pinhal

Quilombo - Bento
Visconde de Mauá

Sunday, June 19, 2016

Mas que mal há? ::: Visconde de Mauá 30 anos depois



Conheci Visconde de Mauá em 1983, em experiência transfiguradora cujos efeitos seriam intensamente sentidos e renovados por três anos de muitas viagens até lá. Em 83, 84, 85 Mauá, Maringá e Maromba eram ainda pouco conhecidos por aqui e no Camping do Torto esbarrávamos muito mais em paulistas e mineiros do que com cariocas. Que, claro, estavam em Cabo Frio.

Mauá tornou-se mítica para mim. Retornei ainda umas duas vezes em 87 e 88 (foi apenas bom) e, então, seguindo o que Drummond fizera com Itabira, jurei que não voltaria mais. Voltei em 2006 (foi apenas razoável) e voltei agora, em junho de 2016.

Foi lindo.

Mais de trinta anos se passaram. Razoavelmente compreensível que Maringá esteja como está.

Mas não é preciso nem procurar muito para encontrar na Mauá de 2016 minha Macondo de 83, minha Macondo atemporal.