Wednesday, April 26, 2017

São Januário : Os Painéis Azulejares de Jorge Colaço



Para mim é uma honra poder fazer uma pequena retificação e um acréscimo ao que considero o site mais completo sobre azulejos de nossa cidade: o blog Azulejos Antigos no Rio de Janeiro, do artista plástico Fábio Carvalho. Em janeiro de 2013 ele fez postagem sobre a azulejaria do Estádio de São Januário, onde se lê: "Tanto a fachada, como áreas internas da Sede Social apresentam painéis de autoria do português Jorge Colaço" (que já citei aqui).

Bem, a retificação: as áreas internas, aquelas próximas às tribunas e à secretaria, apresentam azulejos não de Jorge Colaço, mas do meu querido Manoel Félix Igrejas, sobre quem muito bytes já foram gastos aqui no blog (aqui e aqui, por exemplo). Se os painéis de Igrejas vieram em substituição a obras de Colaço é para ser ainda investigado. De qualquer jeito, hipótese pouco provável, pois a localização interna protegeria do desgaste, e nem haveria tempo para tal, pois o intervalo entre a obra de Colaço e a de Igrejas é de apenas 50 anos. E, a propósito, a combinação Colaço-Igrejas traduz bem o que é o Vasco: refinado e popular.

O acréscimo: quando Fábio menciona que os azulejos da fachada são de Jorge Colaço, parece referir-se apenas ao frontão e ao painel de entrada, tanto que ele não registra as oito cartelas retangulares da fachada, cada uma com 125 peças, todas apresentando motivos de sereias. Pois é o que ora faço.














Tuesday, April 25, 2017

Nos 90 Anos de São Januário II



Algo de mágico paira em São Januário, capaz até de conversão. Já ouvi depoimentos de tricolores e botafoguenses encantados, para ficarmos apenas na urbe. Pelo que lembro, três deles tornaram-se vascaínos. São Januário seria assim algo como a Sagrada Família de Gaudí. Mas ainda acho que a comparação não dá conta. Não dá conta do que é assistir a um jogo ali, num bairro ao mesmo tempo popular e imperial, numa tarde de sábado ou domingo, quando se pode deitar os olhos sobre os morros da Guanabara e, não bastasse, acompanhar de perto a movimentação dos de camisa cruz-de-malta sobre o gramado mais perfeito.

Quando estive em Nápoles, fiz questão de conhecer a igreja do mártir e ver o milagre da liquefação do sangue. Como se eu ainda precisasse de conversão.



























Dormir com o coração pesado ::: As Cartas de Elizabeth Bishop



Fui dormir ontem com o coração pesado, depois de mergulhar nas cartas de Elizabeth Bishop. Ouvir agora, enquanto escrevo, Sognando e Risognando do Formula 3, não 'ajuda' muito, mas ao menos mantém o clima esquisito.

Eu abri o grosso volume de quase 800 páginas a esmo. Dei com uma carta a Robet Lowell e, pouco adiante, uma referência a Flannery O'Connor, cujas maravilhosas cartas, aliás, lidas e elogiadas pela Elizabeth, sem dúvida têm influência nessas 800 páginas.

Depois procurei por Ouro Preto. Encontrei Elizabeth en-theos com a casa que viria a ser sua, descrevendo Seu Olímpio, "um gnomo dos seus oitenta anos", com dez filhos, que ocupava a cozinha e um dos doze cômodos da 'Mariana', a casa que viria a ser sua. Na época, "uma imundície total -- patos, galinhas e gatos sobem na cama etc".

Mas quando a casa vem a ser sua, sua amada Lota já se suicidara, pertinho dela. As cartas são de uma angústia insuportável. A maneira como Elizabeth foi tratada pelos brasileiros que julgava amigos.

E, apesar de pequenas alegrias ainda com a casa ouro-pretana, as maldades que faziam com a casa, com ela e uma misteriosa X.Y. (uma nova companheira?), quebrando janelas, destruindo a campainha, jogando de volta para casa o lixo que ela pusera pra fora. X.Y. chegou a ser atingida por uma pedra.

Peço desculpas, Liz, pelos meus conterrâneos. Que sabiam muito bem o que faziam.


Monday, April 24, 2017

São Januário 90 Anos I



Seria tolo pensar que a derrota para o Fluminense com a consequente eliminação do campeonato estadual na noite de sábado maculou os festejos pelos 90 anos de São Januário. Mesmo porque, já na chuvosa manhã seguinte, o Vasco entrava em campo com seu sub-20 para enfrentar o Flamengo e vencia pelos iguais 3 x 0. Detalhe: o jogo da manhã de domingo, ao contrário do outro, foi em São Janu. Futebol é essa coisa nitzscheana de eterno retorno, mas a comemoração do estádio paira acima disso.

Eu fico feliz que, dos três jogos de maiores públicos da história do estádio, públicos oficiais, eu tenha estado em dois. Neste templo que é considerado um dos sete melhores lugares do MUNDO para se assistir a uma partida de futebol. Pra mim, é o melhor. Camp Nou, Giuseppe Meazza, Bombonera, Ibrox, Stamford Bridge e Olímpico de Munique que esperem.