Chegamos exaustos a Nova Déli, menos pela longuíssima jornada desde o Grajaú (que Pequim ajudou a relaxar) que pela absurda burocracia dos aeroportos indianos. Talvez tenha sido bom chegar de madrugada, ser poupado da sengracice da Déli inglesa tão avenidas perfeitas. Em Karol Bagh esperava-nos forte cheiro de clorato de potássio, aquele das fumaças coloridas. Ruas fechadas, incluindo a do nosso hotel, o Sunstar. Desço e dou de nariz com a porta fechada. Funcionários roncam nos sofás exaustos. Não é este hotel, porque ali há três Sunstars diferentes, o nosso é o último, onde funcionários também roncam nos sofás exaustos mas são prestativos, até onde pode-se ser prestativo quando dois brasileiros vêm interromper seus sonhos às 3 da manhã.
Eu voltava à Índia passados dez anos. Mas, afinal o que mudou de lá pra cá? Quase nada: fim de um casamento que agonizava, início de outro, volta ao Rio, livros publicados. Dante.
Escolhemos Karol Bagh por ser meio-termo entre a Velha Déli e Connaught Place. Para os desavisados, ainda assim o caos absoluto. Mas se a Índia há tempos já rendeu-se ao capitalismo moderno, o que de alguma mínima forma terá alterado sua indiferença pela opinião pública internacional, Nova Déli ainda está muito distante de ser cidade arrumada, patrimonializada, turisticada e modernizada.
Graças a Deus. Graças aos Deuses. E como eles são legião, centenas de milhares, é provável que isso não mude nos próximos séculos. Até lá nem sei se estarei vivo.
No comments:
Post a Comment