Sempre me atormentou que muitos botequins desta cidade não sejam tombados. Por ocasião deste quiproquó que foi o tombamento do restaurante Antiquarius, o poeta Alexei Bueno, com sua inteligência e contundência contumazes, esclareceu em carta recente para O Globo: não existe tombamento de uso, ou seja, pode-se tombar o imóvel, mas não a atividade nele exercida. Assim, o Bar Lagoa é tombado por causa do seu interior art déco, mas o Nova Capela, oh infâmia, não.
Isto poderia mudar, não? Soube que Guilherme Studart, que há anos organiza o Rio Botequim, está mexendo pauzinhos neste sentido. Seria uma discussão (e uma luta) que me interessaria imenso.
Enquanto isso, os botequins vão se descaracterizando, quando não viram restaurantes a quilo, de fast food ou pastelarias. Claro que na Zona Sul, onde rola mais grana, isso se dá com mais frequencia.
O Bar Rebouças, situado no Jardim Botânico, sobrevive heroicamente. Tem Heineken, é verdade, o que acho uma dádiva, tem seleção de cachaças mineiras, isto é, está consciente que atende a uma galera mais sofisticada. Mas é boteco, é pé-sujo, daqueles tipicamente situados (escondidos para ser mais exato) atrás de ponto de táxi.
Parece que o forte, para além do minúsculo ambiente (quase b.d.f.) e da simpatia do casal Gertrudes e Seu Alberto Conceição, do Porto aquela, de Vizeu este, são os sanduíches. Como cheguei cedo, fui de jiló. Acreditem: cozido em água e sal e servido com cebolas e ervas picadas para amainar o amargor, é sensacional. Volto em breve.