Não se vai à Feira da Praça XV em busca de um coisa específica, não se sai de casa pensando: Hoje compro aquela estatueta do Buda ou aquele vaso de Murano ou aquele chaveiro do Bangu ou aquele cartão-postal do Aterro da Glória. Não é assim. A feirinha, como bom sebo, é para flanar, para surpresas, para descobertas.
Foi graças à feirinha que comecei minha coleção de bolachas de cerveja. Eu juntara um punhado em Praga e em Bratislava (1999-2000), mas foi só quando vi um monte de bolachas na barraca do Saul que descobri, Ah, é? Pode colecionar isso? Então eu quero.
À feirinha devo também o pontapé inicial da minha tese (circa 2005), pois lá comprei o livro India Portuguesa, panegírico anacrônico da presença portuguesa em Goa. O prefácio é de ninguém menos que Salazar, que fala, em 1951, das belezas da colonização portuguesa! Cáspite!, pensei, vou mostrar como a literatura rasura, oblitera esse discurso oficial. Aí, nasceu a tese. Graças à feirinha.
E quando fui lá recentemente com a mãe, ela quedou hipnotizada pela piorra que descansava em uma barraca. Era isso!, disse, que eu estava querendo comprar para o Dante e não encontrava de jeito e maneira.
À moda da feira, e como é típico dela, pechinchou e logo a piorra arrebatou. A foto mostra ela me ensinando como funiciona a coisa. Na mesa do Ál-Fárrabi, que parou para ver. Hoje já piorro que é uma beleza. E Dante adora.
2 comments:
Olha só que interessante...
Estas feiras sempre guardam suas surpresas...
=)
Tenho 53 anos, este é um brinquedo de infância que muito procuro, más, infelizmente não tenho achado.
É um brinquedo simples, um bom passatempo que não faz frente aos brinquedos eletrônicos de agora. É pena que as crianças de hoje não saibam o que é jogar pião, rodar piorra, bolinha de gude,jogar taco, carrinho de rolemã(?), guerra de mamona !
Os brinquedos de hoje são individuais, violentos e solitários. Que pena para a infância de agora !
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