Dia 24/12 marco almoço com o pai no Bar Brasil. A caminho, ouço a voz aflita da mana ao telefone: "Hoje é dia 24, vai estar fechado!". Bem, fechados estavam Belmonte, Mofo, Juca e outros que tais arrivistas, mas uma casa centenária (1907) como esta não deixa seus fregueses na mão.
O Bar Brasil não sai de moda porque nunca nela esteve. Era tradicional quando a Lapa era boêmia (anos 30 a 60), continuou a sê-lo quando a Lapa virou off do off e segue impávido agora que o bairro voltou a ser in.
É daqueles em que se entra e não se tem vontade de sair. Não posso dizer "e de onde só se sai no dia seguinte" porque, alheio a toda a badalação do entorno, fecha à meia-noite, fazendo dos boêmios Cinderelas.
Tem pé direito alto, geladeira de madeira, ilustrações de Jorge Selarón. Tem duas entradas: pela Mém de Sá e pela Lavradio. A culinária alemã é mestiça: o kassler vem com tutu de feijão. Tem bolo de carne famoso (tô fora). Não tem caldinho de feijão, mas a lentilha garni. Tem garçons sóbrios, de uma honestidade desconcertante. Ao recolher nossas cumbucas vazias, Adauto disse da lentilha: "Hoje não está muito boa, né? Está dura..." Pai e eu nem respondemos, menos pela perplexidade, mais por estarmos ocupados lambendo beiços.
Tem chope famoso, que desce de chopeira com torre de bronze. Mas cá entre nós, o chope da Inbev anda tão aguado, tão anódino, que não há serpentina que o salve...
1 comment:
Esse Evandro anda muito baladeiro este mês, viu?
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