Para o aniversário de 11 anos do Dante, pensei em postagem com o título 'O que fiz para merecer um filho autista?", deliberadamente ambíguo (será?, melhor dizer 'insidioso'), já que à primeira mirada levaria a crer que eu estava em plena autocomiseração (hoje em dia horrendamente chamada de mimimi) e no texto eu diria o contrário: o que fiz para merecer um filho tão lindo e sobretudo amorável e amoroso.
Recorri ao eterno Solomon (aqui), iria recorrer ao Luiz Fernando Viana (aqui), quando cai alguma ficha: por que tudo que falo sobre o Dante haverá de necessariamente ser na clave do autismo? Eu, que defendo chamá-lo de criança 'com autismo' e em vez de 'autista'?
Então deleta.
O que fiz para merecer o Dante? O menino que lá pelas 5 e pouco da manhã vem até a minha cama deitar comigo? E deitar abraçado. O que fiz para merecer esse garoto que, quando em casa, sempre que me vê bate no espaço vazio ao seu lado pedindo 'Senta aqui'. O que fiz para merecer alguém que eu ame desse jeito, de cigarras e cafunés?
Nunca me senti tão amado. E, sem cair no 'lindo menino alçado do sofrimento, como se tivesse sido uma geada passageira de inverno e, graças ao esforço heroico do pai, saltita entre as violetas de um prado primaveril, totalmente verbal, radiante com o fresquíssimo êxtase de seu charme espontâneo' (Solomon), esta é das poucas certezas felizes que carrego
Dante Dante
11 anos, parabéns!
Dois videozinhos de ontem: no primeiro pede iogurte, no segundo é sk8 na chuva e sob latidos!