Há uns bons anos trabalho com figuras de linguagem em minha oficina de Songs no 1o Ano do Ensino Médio. Dir-se-ia que é mesmo o ponto central do curso, localizado estrategicamente em meados do segundo trimestre: é a chance que os meninxs têm de trazer músicas de casa e, ao fim, depois de tanta prática, elas saem encontrando metáforas, hipérboles, aliterações e personificações em tudo, ou pelo menos em tudo que é letra de música, seja em inglês seja em português.
Eu falei metáfora?
Naturalmente que faço uma seleção das figuras que julgo mais rentáveis, relevantes. Pra que falar de anacoluto? Pra que falar de hipálage ("Estavam as tias fazendo as meias sonolentas", ainda lembro do exemplo da temida Maria Teresa de Souza Tibúrcio na minha 8a série no São José de Baixo, 1982)? Pra que falar de catacrese, muito mais processo de formação que figura? Pra que falar de sinédoque, se basta metonímia?
Mas trabalhamos com quase dúzia e meia.
Como não costumo facilitar-lhes a vida, depois de um preâmbulo em que falamos de denotação e conotação e antes que eu comece a ilustrar as figuras com trechos dos Beatles, coloco no quadro o nome de algumas das figuras com as letras embaralhadas, para que eles descubram quais são.
Faço isso há anos. Nunca fez tanto sentido quanto hoje.
A primeira, claro, é metáfora, a figura de linguagem por excelência, tanto que, amiúde, em vez de se falar 'linguagem figurada' fala-se 'linguagem metafórica'.
E esta primeira figura sempre escrevia-a.... PHORATEM! Que nada mais é que 'metaphor' com as letras embaralhadas....
Pegaram na hora.
Muito embora esse 'phora tem' nem deva ser lido como metafórico... Nem vampiro usurpador.
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