Sunday, June 12, 2011

Vasco 2 x 1 Coritiba



Embora as lembranças da batalha de Curitiba, em que o heróico Vasco perdeu o jogo mas ganhou algo maior, estejam ainda frescas, vêm-me à mente memórias de um outro Vasco X Coritiba, realizado há módicos 32 anos.

Eram as semi-finais do Campeonato Brasileiro de 1979 e o Vasco tinha um ótimo time, capitaneado pelo Roberto, que então, graças à intervenção do Oto Glória, abandonara seu estilo trombador. O Coritiba tinha o Aladim, mas era, claro, o azarão em meio a Vasco, Inter e Palmeiras. O Verdão de São Paulo deixara o Flamengo literalmente de 4 no Maraca, em jogo de 110 mil pagantes (nunca mais isso, ó Maraca para sempre apequenado e a aburguesado!) em que também estive.

Voltando ao nosso jogo: eu e meu pai, apenas. E a torcida do Vasco. O que tão vivamente lembro: nossos dois gols, tão parecidos. Até ontem achava que os dois tinham sido do Roberto e que o jogo tinha sido 2X0. O youtube, essa máquina com a qual eu sempre sonhara, que esclarece as dúvidas do passado, me informa que foi 2X1, e que o primeiro foi do Paulinho.

Mas essa correção só acerta então minha outra viva lembrança: depois que o jogo ficou 1 X1, começou a chover. Quando chove no Maracanã (estamos em 1979), sobe-se ligeiro para debaixo da marquise. Meu pai e eu, no entanto, continuamos sentados onde estávamos, na chuva. Não sei que técnica xamanística foi essa, mas ficamos sob a chuva até o Roberto aproveitar o passe maravilhoso e cravar a vitória. Outras águas, então, foram adicionadas ao meu rosto já molhado.

E a outra lembrança: um homem desconhecido, do povo, negro, muito povo mesmo, veio até a mim e falou palavras mais ou menos assim: "É isso aí, ser vascaíno é isso mesmo...". Meu pai e eu, dois tímidos encharcados, nada respondemos.

Essa a partida que me veio à lembrança, agora e enquanto eu me escondia debaixo das cobertas durante o jogo da quarta passada. Sob a chuva e sob o granizo, o Vasco uma vez mais trinfou. Não deixa de ser irônico que contra o Coxa, o coxa branca do sul do país, tenha, uma vez mais triunfado o primeiro clube do Brasil a aceitar negros, mulatos e brancos pobres em seus quadros.

Lima Barreto, o grande e maldito escritor, repudiou o estrangeirado e elitista futebol.

É que ele não conheceu o Vasco.

1 comment:

Dani said...

Adorei a história sua e do pai no maracanã! Parabens foi um jogão este entre vasco e o curitiba.