Thursday, January 27, 2011
5000 Vezes ou Bar Flor do Tâmega
Indignação
Wednesday, January 19, 2011
O Disco do Ano
Do que ouvi, fico com o Il Tempio delle Clessidre, com o retorno realmente triunfal do Stefano Lupo., ex-vocalista do Museo Rosenbach.
Erra quem diz que o disco é meramente derivativo. Claro que a influência do Museo é patente, não só por causa do vocal, mas por causa da tecladista Elisa, fã confessa. Mas há também traços de Anglagard e Finisterre (à época já devidamente influenciados pelo Museo). Enfim, é um trabalho de rock progressivo italiano sinfônico no sentido pleno do termo. Superou minhas expectativas.
Claro que gostei muito também do Areknamés.
Em termos de descoberta do ano, fico com o primeiro do Magma, que ainda não conhecia. Descoberta do disco, claro, não da banda. Não esperava muito e caí de quatro. Mais jazzístico sim, mais Coltrane, nem tanto zeuhl, por vezes deliciosamente datado. Mas se estamos falando de um disco "datado", e sua data é precisamente 1970, pode sossegar...
Em termos de redescobertas, fico com o David Gray, singer-songwriter de primeira, nem tanto pelo Foundling, disco duplo de 2010, também ótimo, mas pelo "conjunto da obra".
Ainda neste quesito, menções honrosíssimas: One, do Neal Morse, e Pequeñas Anécdotas, do Sui Generis, que voltei a ouvir até gastar...
Tuesday, January 18, 2011
Dante goes downtown!
Friday, January 14, 2011
Al-Fárábi
Dante ri
Sei que há. Quem controle com exatidão a primeira palminha, a primeira palavra, primeira risada. Com Dante não foi assim. Temos dados imprecisos, inexatos, não menos amorosos.
Neste ano que passou, porém, preciso: em Maio pôs-se sentado. Claro que já sentara antes, mas foi entrar o mês (May Queen) que se pôs definitivamente sentado. E aquele menino, calvinho nas costas da cabecinha de tanto ficar deitado, passou a... detestar ficar deitado. Quer é sentar-se e em seguida gatinhar aonde for possível, segura ele.
Este foi um dos ganhos de Dantuca em 2010. No último dia do ano, põe-se a gargalhar. Novamente, não pela primeira vez, mas de maneira sistemática. Se é para escrevermos em livro ou blog de recordação, fique em memória o dia de 31 de dezembro de 2010 para assinalar as gargalhadas do Dante. Na esperança de que o dia tenha sido simbólico, e ele muito gargalhe neste ano.
(i do not not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
Tuesday, January 11, 2011
Libertação
Monday, January 10, 2011
Modern Sound (II)
Mas engana-se quem pensa que comi satisfeito o frio prato da vingança com o destino da Modern Sound. Acho o seu fechamento lamentável. Uma boa loja de CDs, assim como uma boa livraria, é um dos poucos refúgios de civilização em um mundo inóspito, ainda que o atendimento, como frisei no post anterior, deixe às vezes a desejar. Mas esta é uma das escolhas do mundo contemporâneo, não apenas dos cariocas ou brasileiros. Escolheram baixar, baixar tudo em vez de comprarem CDs. Há os que baixam para conhecer e depois compram. A maioria apenas baixa, julga-se mesmo no direito de fazer downloads ilegais. Lembro-me de quando começou essa história, conversei a respeito com o dono da Penny Lane, loja de CDs especializada em rock progressivo situada no Flamengo. Que, claro, já fechou. Um colega tinha gostado do CD da trilha de As Horas (comprado da Modern Sound) que eu lhe mostrara e o tinha baixado em casa. O dono da finada Penny Lane disse simplesmente: “É um CD a menos que vou vender...”. E assim, de CD a menos a CD a menos, fecham-se lojas. Em breve, post sobre o assunto.
Tenho muitas lembranças boas da Modern Sound. Lá comprei dois Nymans difíceis: o The Kiss e o já mencionado O Marido da Cabeleireira. Lá, por volta de 2000, adquiri o célebre livro do Paolo Barotto, The Return of the Italian Pop, então única referência sobre a cena progressiva italiana e que me serviu de bíblia por anos. Aliás, a MS tinha uma vasta seção de rock progressivo, algo inédito nesta cidade, excetuando-se, claro, as lojas especializadas como a Halley. Lá, em quente janeiro de 1997, comprei a integral das sinfonias do Prokofiev, regência de Seiji Osawa, bem como o Alexander Nevski. Lá comprei (2001?, 2002?), o Sandinista, do The Clash, e, de rock progressivo italiano, o Frontiera, do Procession, o Duello Madre, e alguns itens raros como o Laser, o Franco Maria Giannini e o fabuloso Enzo Capuano, dentre outras coisas. Lá comprei também o vídeo (VHS!) do Unplugged, show memorável do 10,000 Maniacs. E foi na MS também que redescobri (e comprei) um dos melhores discos infantis brasileiros, o Brincando de Roda, da Solange Maria, que só conhecia em fita cassete. Tudo, claro, a peso de ouro, que para a loja o dólar estava sempre altíssimo e ele não eram de dar descontos (a não ser, claro, fosse você um Chico, um Ed, uma Rita).
Bem antes disso, foi lá, em 1982, que fiz minhas primeiras compras de disco importado. Depois de meses economizando o dinheiro da merenda, meu irmão e eu vamos lá com a grana suficiente para dois discos. Compro o Live I, do Cream; ele, o primeiro do Iron Maiden, totalmente no escuro, atraído unicamente pela capa. O Iron aportava assim na cidade, nas caixas que ficavam logo à entrada, antes de serem catalogadas nas respectivas seções. Poucos meses depois, no meu aniversário, o pai generoso concede-me três (!) discos importados. Nessas célebres caixas, que ficavam no chão, descubro os dois primeiros do Ozzy e o ao vivo do Judas Priest, o Unleashed in the East que tornar-se-ia um de meus discos de cabeceira pelos próximos anos, fazendo mesmo com que eu passasse a assinar Evandro Luis Halford.
Tudo isso na Modern Sound, que ora fecha as portas para sempre.
Wednesday, January 05, 2011
E a Modern Sound, hein?
Uma das últimas lembranças que tenho foi algo que li há uns 3 anos: o filho do dono, Pedro filho, afirmava que o que vai fechar são essas lojas de porta de rua, com fumaça de carro, essas vão fechar mesmo. Afirmação categórica, deselegante, arrogante. Acreditava ele que a MS era impermeável às mudanças e que pelo fato de ter sido transformada em casa de shows com restaurante iria sobreviver à, digamos, era digital.
Aliás, arrogância sempre foi uma das marcas registradas da loja. (Sobre isso não li uma linha nos artigos recentes). Os donos, os vendedores, os seguranças deviam ser muito cordiais com os artistas, com o Chico, com a Marina, com a Adriana, com a maioria dos turistas, mas professor, fisioterapeuta ou dona de casa que lá entrasse era tratado como se estivesse recebendo favores das Suas Excelências.
Um fato é inesquecível: procurava eu a trilha sonora de O Marido da Cabelereira, do Michael Nyman. A filha do dono, a Carolina, estava no caixa, e havia me dito que a o CD estava lá, na seção das trilhas. Ora, eu já percorrera duas vezes toda a seção, de fio e pavio, e nada encontrara e daí voltei a ela. O que faz a moça? Sem uma palavra, sai de seu altar irritada, vai até a seção, encontra o CD e coloca-o sobre o balcão. Sem uma palavra. Eu não tinha encontrado o CD porque era uma edição japonesa (como eu saberia?) e a lombada vinha toda escrita em caracteres japoneses! Ousei mesmo comentar com ela: "Desculpe, é que me esqueci de todo o japonês que aprendi no Segundo Grau", ao que a alta dama nada respondeu.
Mas devo ser honesto e lembrar que tratamento grosseiro em lojas de discos não era privilégio da Modern Sound. Eu já passara por experiências semelhantes em Bruxelas e em Paris (duas vezes, a última, então, só faltou eu quebrar aquilo tudo). Devo ser honesto também e lembrar que voltas a vida dá. Poucos anos depois, tenho esta mesma Carolina como aluna! No curso de Produção Fomográfica da Estácio! Era boa aluna e pessoa razoavelmente afável. Num dia em que saímos com a turma para tomar cerveja, lembrei-lhe do episódio. Ela, naturalmente, ficou muito impressionada, mesmo incrédula, afirmando que não se lembrava de nada... É que as feridas, minha cara, ficam em que as sofre, não em quem as causa.