Sabe aquela coisa de ficar com uma música na cabeça? Às vezes vira tortura quando a gente não lembra o que é, isso já aconteceu tanto comigo, a ponto de eu ficar encarando os CDs, passando a tropa em revista, um por um, para tentar descobrir de onde vinha aquela melodia, aquela voz, aquela guitarra.
Bem, agora é um pouco diferente: estou com um verso na cabeça, mas sem tortura, sem problemas, não preciso passar os livros todos em revista, pois sei bem de quem é, é este aí que dá título a este post.
É engraçado como Jaime Ovalle se faz presente na poesia de Bandeira: neste poema, em um outro que sei de coeur há anos ("Poema só para Jaime Ovalle") e que sempre que recito sinto cheiro de café e em pelo menos dois outros.
Este aqui é pra lá de melancólico: Ovalle está morto e o poema trata do enterro. O poema tem quatro estrofes, citarei apenas o primeiro verso e a última.
OVALLE
Estavas bem mudado.
(...)
Levamos-te cansado ao teu último endereço.
Vi com prazer
Que um dia afinal seremos vizinhos.
Conversaremos longamente
De sepultura a sepultura
No silêncio das madrugadas
Quando o orvalho pingar sem ruído
E o luar for uma coisa só.
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Este o Bandeira das palavras simples e de muita poesia. E este último verso me acompanha diuturnamente.
Quando o luar será uma coisa só?
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