Saturday, May 05, 2018

Raja Mircha



Quase estragamos tudo.

Ao preparar nosso peixe paquistanês (aqui), pensamos em abrir enfim a pimenta que trouxéramos de nossa visita ao Nagaland's Kitchen, bravo representante da culinária naga em Nova Déli. Aliás, eu devia é ter feito postagem sobre esse jantar, mas perdi o timing. Um jantar interessantíssimo sob o ponto de vista antropológico, mas nem tanto quando o papo é fruição de sabores para se dizer 'Que delícia'. Enfim, comemos nossos bambus lá, nada nada de fritura e trouxemos a pimenta.

Que pensamos usar em nosso robalo assado. Desistimos, nem lembro por quê. Acabei pingando-a sobre o meu peixe já no prato.

É uma porrada, equivalente talvez a uma mordida de Mike Tyson na orelha. É insuportável, dolorosa, onipresente. Desfiadora, interessante. Por sorte foram só três gotinhas, aplacadas com cerveja e muita água. Suei a água de três cocos.

Fui pesquisar depois. É a pimenta mais forte do mundo. Quatrocentas vezes mais ardida que Tabasco. Na escala Scoville que mede a ardência das pimentas (pense Ritcher para os terremotos, IBU para amargor de cervejas), ela ultrapassa um milhão. Um milhão de SHUs.

Na Índia perduram-na seca nas cercas de mourão para afugentar elefantes selvagens. Em 2015, usaram uma granada feita com ela para desentocar terrorista que se escondera em caverna. Sente o nível.

Uma pimenta para afugentar elefantes e desentocar terroristas. Nem o melhor aluno da ESPM criaria slogan melhor.

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