Friday, April 15, 2016

(Hoje encontrei) A Maior Obra do Nilton Bravo da Cidade



Lembrei-me de um conto do Roald Dahl, um de seus contos tipicamente terríveis -- terrível de bom, terrível de perturbador -- intitulado "Parson's Pleasure" em que um sujeito, colecionador de móveis Chippendale, certa vez se depara com a peça mais absurdamente bem conservada no local mais improvável.

Lembrei-me do filme Fahrenheit 451, quando o idiota do Captain Beatty encontra na casa da senhora uma venerável biblioteca, daquelas que ele ouvira falar como se lenda fossem, e seus olhos e boca salivam.

Eu que há anos persigo por toda a cidade (e muito escrevo neste blog, o inventário está aqui), e atravessá-la-ia se preciso, novas obras do Nilton Bravo, tinha defronte meus olhos todo o interior do castelinho, dois andares, cobertos de afrescos do mestre. Dos mestres, pois pai e filho trabalharam nas pinturas. Um total de 16 por 7 metros cobertos, da metade da parede ao teto, dos temas queridos do Michelângelo dos botequins: muitas árvores, muita água, o velho bucolismo de sempre.

Não bastasse, um chão de mosaico, de pequenas e delicadas tesselas. E azulejos e madeirame lindos.

Depois dizem que não há Deus. Eu mesmo andei dizendo.

Agradeço imenso à Irmã Carmen, tão gentil em permitir a visita. E também à Marluci, que ajudou desde o início, e à Luciana. Desejo felicidades ao Colégio Santa Marcelina. Eu mesmo fiquei com vontades de morar ali.

PS: Tenho aqui minhas dúvidas se as pinturas do segundo pavimento serão mesmo do Bravo. Não apenas não havia assinatura, como o estilo, de maior apuro formal, se distancia do que estamos acostumados a ver no nosso autodidata dos subúrbios. Vou pesquisar e examinar por aqui.

PS2: Pela vez primeira estive face a face com um Bravo sem uma cerveja por perto. Bem, a escola é católica, então talvez pudesse eu sonhar com uma trapista -- piadinha inevitável. Mas não. Prefiro rasurar o Drummond :

Como se não houvesse outras sedes
e outros bebidas
Meu repasto é interior
tudo, no coração, é ceia



Segundo pavimento






de volta ao primeiro

PS (ainda) : fique esta postagem presente pro Rixa, nilton-bravólogo que aniversaria manãna. E pro Ivo.

3 comments:

Ivo Korytowski said...

Numa época em que a obra de Bravo, originalmente na casa das centenas, talvez meio milhar, vai se reduzindo a pouco mais de uma dezena, uma descoberta dessas é quase tão importante quanto a descoberta do Brasil pelo Cabral! Prodígio dos prodígios! Onde fica esse colégio?

Ivo Korytowski said...

PS. Vi que fica no Alto da Boa Vista. Conseguiu falar com alguém sobre o tombamento dessa maravilha?

Amigos do Patrimônio Cultural said...

Prezados amigos Evandro e Ivo.

Boa noite!

Que postagem maravilhosa. Fica no Alto da Boa Vista? Qual o nome?

Enviem-me maiores detalhes para que possamos encaminhar um pedido oficial de tombamento.

Abraços,

Professor Clarindo
AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL
amigosdopatrimonio@gmail.com