Um de nossos melhores cronistas não tinha um pé de milho? Pois tenho eu meu ipê. Ele mora no Jardim Botânico, bem ali em frente ao Tabladinho. Como bom ipê, o moço se comporta o ano todo, é discreto, tem bons modos, come quieto, é todo mineirices. Mas chega agosto abre-se qual pavão, sem mistério, todo entrega e plenitude. Vale a pena, sempre, esperar pelo espetáculo, ainda que seja breve e apenas uma vez por ano.
Como as temperaturas andam loucas, os ipês desta cidade se pavoneiam mais cedo, abram os olhos, aproveitem. O da frente do Instituto de Educação, na Mariz e Barros, já floriu, o do Instituto de Educação de Surdos, em Laranjeiras, também.
As duas primeiras fotos são do meu ipê, que me proporocionou epifania miguiliana em 1992. O da terceira foto é da J.J. Seabra, defronte daquela garage sale.
Há dois anos escrevi este poema, que quis extrair certo efeito das durezas de agosto. É agora anacrônico?
Fazer contigo
o que faz agosto com os ipês.
Agosto, este mês de cardos,
mês de ossos,
de duro rosto,
rende-se, enfim, à carícia que lhe sai das entranhas.
3 comments:
Aaahh os ipês!
Eu já estou perseguindo os que me aparecem pela frente. Tenho visto muitos em cemitérios...não sei se por aí também é assim.
Mas tenho mapeado na minha cabeça os lugares de muitos ipês amarelos daqui da região.
E esse poema do ipê é ótimo...
Bom, eu vi o ipê de perto e ele é uma graça
c podia usar uma dessas imagens para papel d parede do blog, q tal? com um layout transparente ia ficar incrível...
think about it!
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