Thursday, July 15, 2010

O meu ipê-roxo



Um de nossos melhores cronistas não tinha um pé de milho? Pois tenho eu meu ipê. Ele mora no Jardim Botânico, bem ali em frente ao Tabladinho. Como bom ipê, o moço se comporta o ano todo, é discreto, tem bons modos, come quieto, é todo mineirices. Mas chega agosto abre-se qual pavão, sem mistério, todo entrega e plenitude. Vale a pena, sempre, esperar pelo espetáculo, ainda que seja breve e apenas uma vez por ano.

Como as temperaturas andam loucas, os ipês desta cidade se pavoneiam mais cedo, abram os olhos, aproveitem. O da frente do Instituto de Educação, na Mariz e Barros, já floriu, o do Instituto de Educação de Surdos, em Laranjeiras, também.

As duas primeiras fotos são do meu ipê, que me proporocionou epifania miguiliana em 1992. O da terceira foto é da J.J. Seabra, defronte daquela garage sale.

Há dois anos escrevi este poema, que quis extrair certo efeito das durezas de agosto. É agora anacrônico?

Fazer contigo
o que faz agosto com os ipês.

Agosto, este mês de cardos,
mês de ossos,
de duro rosto,
rende-se, enfim, à carícia que lhe sai das entranhas.

3 comments:

Aruanda said...

Aaahh os ipês!
Eu já estou perseguindo os que me aparecem pela frente. Tenho visto muitos em cemitérios...não sei se por aí também é assim.
Mas tenho mapeado na minha cabeça os lugares de muitos ipês amarelos daqui da região.

E esse poema do ipê é ótimo...

Josimar said...

Bom, eu vi o ipê de perto e ele é uma graça

Josimar said...

c podia usar uma dessas imagens para papel d parede do blog, q tal? com um layout transparente ia ficar incrível...
think about it!