Dante pede às andorinhas que adornem
seu sono, de mel e de paina feito.
E o que era ânsia represada até
agora, esfarinha-se no rumor
dos barcos que navegam silenciosos
entre o azul líquido e semovente
e este azul maior que engolfa o tempo e
que nos terá um dia. Dante dorme.
As andorinhas nada dizem, voam
e em seus voos barrocos vão tecendo
tênue teia que lhe protege o sono.
As andorinhas nada dizem, velam
diligentes o seu sono, todo ele
paina, mel, auréola e trinta andorinhas.
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Acho que desaprendi a fazer sonetos, se é que um dia. A ilustração é da Cora, aluna querida que torce pelo América e tentou encher nossos tomates verdes de pimenta branca (isso vocês já sabem de outros posts).
A inspiração (oh, como se isso existisse) veio dos passeios que faço com Dantuca lá no MAC. Acertei os versos e a métrica (desacertei talvez seja melhor palavra) nas idas e vindas no 996, ao som do Blackfield.
3 comments:
Estou adorando conhecer este seu novo lado. Um viva para você, para o Dante e para as andorinhas....
Eu gostei - e tenho absoluta ctz de q ele tb!
Muito bom, Evandro!
E que bom que você tenha gostado!
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