HORÁRIO DE VERÃO
O gato,
ignorante dos ponteiros adiantados,
Vem pedir-me comida
com uma hora de atraso.
Arqueia-se o dorso, levanta-se
a cauda peluda, faíscam
enormes olhos
onde cabem
mil enormes olhos.
Acho graça.
Mas reconheço
que há
sadismo neste meu sorriso.
Amanhã que faço?
Enquadro o gato no mundo dos homens?
Ou respeito-lhe ternuras, súplicas, desejos e fomes anacrônicas?
Ternuras, súplicas, desejos e fomes anacrônicas.
A questão talvez seja idiota
e sequer mereça poema.
Isolda e eu nos olhamos
com enormes olhos
onde cabem.
Je le resterai jusqu'au bout! Je ne capitule pas!
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