Thursday, May 02, 2019

Viver é uma estratégia de pardais


Dentro da previsão, meu ônibus para Tacaratu chegou às 4:30 da manhã. Desde Inajá, antepenúltima parada, mantive-me acordado e foi bom porque é sempre bom atravessar as cidades de madrugada no lugar privilegiado de um ônibus.

Receberam-me uma madrugada muito cálida, a agulha de N.S. da Saúde, miríade de galos e trezentos pardais espremidos em duas árvores miúdas atrás da igreja.

Os pardais todos que sumiram do Rio, que faziam algaravia semelhante nos caramanchões da Edmundo Rego no Grajaú, vieram para cá, também passando por Caruaru e Inajá. Exceção de um, Drão, que agora adentra nossa cozinha pelas manhãs, não em busca de grãos (os farelos no parapeito intactos), mas tão somente para sentar-se à mesa de pedra, a cabecinha explorando tudo. 

Lembrei-me de Sérgio Campos ::

'O meu amigo amava estes pardais
que agasalhava em fogo de lareira
E como são as coisas naturais
são naturais as coisas verdadeiras

Viver é uma estratégia de pardais
é se buscar nas perdas derradeira'



PS: Sim, fiz vídeo da algazarra, mas não consigo postar. Fico devendo.

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