Délfica e Líbica |
Se é para virar o ano, falemos de sibilas, das sibilas de Diamantina, a única representação de que se tem notícia em toda a América dessas profetisas de Apolo, aqui pintadas no forro da capela-mor da Igreja do Bonfim, talvez por José Soares de Araújo, o grande pintor da região dos diamantes nos setecentos.
Curioso que nos livros antigos elas são quase ignoradas: nenhuma menção no grande Guia dos Bens Tombados - Minas Gerais, nada em Arraial do Tijuco, de Aires da Mata Machado Filho, neca de pitiriba no Bazin. Na monografia Nova Contribuição ao Estudo da Pintura Mineira (Norte de Minas), livro que amo pelas descrições precisas, lê-se:
"Nos panos de muro entre as cariátides, há painéis ovais irregulares, emoldurados por enrolamentos e concheados gríseos escuros, onde representou ingênua e toscamente os temas das "Sibylla Delphica, Sibylla Libyca, Sibylla Phrygia e Sybylla Tiburtina, com alusões às revelações".
Uma descrição fria como a corrubiana que desce sobre a cidade no inverno.
Hoje as quatro mocinhas ganharam justo reconhecimento, com sua presença já anunciada na plaquinha do lado de fora do templo. Muito justo.
Quem quer ver Frígia, Tiburtina, Délfica e Líbica, vá para a Capela Sistina. Ou vá a Diamantina. Se depois comer o Bambá do Garimpo, do chef Vandeca, vai perceber que ficou foi no lucro.
Perdoem o ufanismo, mas se este ano promete baixezas e retrocessos, a gente se agarra às sibilas, à arte, à história e às lindezas do mundo para resistir.
Feliz 2019.
Frígia e Tiburtina |
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