Foi seu amigo Paulo Rónai quem disse, acerca de Tutaméia, que "cada qual descobrirá dentro das quarenta histórias a sua, a que mais lhe desencadeia a imaginação", ficando ele mesmo ("Seja-me permitido citar as duas que mais me subjugaram pela sua condensação") com "Antiperipléia" e "Esses Lopes".
Acabei de ler Tutaméia pela terceira vez. Na primeira, em 88, fiquei aturdido demais e talvez seja apropriado dizer que não é livro para se iniciar em Rosa, mas mais apropriado é que não há o livro para se iniciar em Rosa. A segunda, sete anos depois, foi profunda. Mas porventura interessada demais: era livro para o ingresso no mestrado na PUC-Rio. A terceira foi esta, totalmente desinteressada, naquela hora entre 6 e 7 da manhã, papagaios e sabiás em algazarra por sobre meu ombro esquerdo.
Eu amei essa nonada toda, esses ossinhos de borboleta, eu quero agora voltar pro Serro.
E "Esses Lopes", o que é isso? Como sublinha com exatidão estes nossos dias, como deve inspirar a quem quiser lutar contra a misoginia chancelada por grande parte da população. (Ver aqui)
Má gente, de má paz; deles, quero distantes léguas
Quero falar alto
Com eles, nenhum capim, nenhum leite.
Ainda achei o fundo do meu coração
Regi de alisar por fora a vida
Custoso que nem guardar chuva em cabaça, picar fininho a couve
Que em meu corpo ele não mexa fácil
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