Ao longo de sua vida, Djanira realizou três paineis de azulejos: uma Santa Rita na igreja homônima na modernista Cataguases, uma Santa Cecília para a sua casa em Santa Teresa e uma Santa Bárbara para o túnel homônimo que liga o Catumbi a Laranjeiras. Os três de santas, os três nos anos 60.
O de Cataguases está lá, pretendo visitá-lo em breve. Daquele de sua casa não tenho notícias. O do túnel foi retirado após anos de exposição às intempéries. Depois de longo tempo encaixotado, foi restaurado e transferido para o Museu Nacional de Belas Artes, reinstalado em pátio a que não se pode ter acesso. Felizmente podemos vê-lo a partir de uma sacada, perto dos banheiros. Ou seja, tem-se acesso a um imenso e lindo painel azulejar como que por acidente.
Neste, a filha de mãe índia com pai austríaco 'retrata' anjos músicos com operários, de modo a lembrar os treze trabalhadores mortos em acidente ocorrido durante as obras. Santa Bárbara, não custa lembrar, a santa invocada quando relampeja e troveja, é também padroeira dos mineiros e operários de galerias subterrâneas.
Assim Djanira mantém-se lírica e política. Em 1964.
Os azulejos do lindíssimo painel pareceram-me um tanto quanto foscos. Será que isso tem a ver com a restauração? Fica a dúvida.