Tuesday, December 17, 2013

Devo me Habituar a Viver no Leprosário?



No post sobre Longe da Árvore (nunca suficientemente citado), citei Cece e Marvin Brown. Citei-os metonicamente, sem a pretensão de completude. Mas, metonímias à parte, não posso deixar de nomear também o casal Nancy e Marcus e seus filhos Luke e Fiona, ambos autistas.

Não irei resumir aqui as três páginas e meia, com sua absurdamente sincera conclusão, deste capítulo 5, mas apenas destacar trecho.

Típico de crianças autistas, posso atestar de carteirinha, Luke é doido por água. Certa vez, no clube de que eram sócios, o menino teria feito gestos obscenos para uma moça na piscina e portanto estava doravante proibido de frequentar aquele espaço. Nancy escreveu uma carta tentando explicar que o autocontrole do filho era prejudicado pela biologia do seu cérebro, mas a proibição foi mantida. A mãe concluiu: "Nós estamos habituados a viver no leprosário, não é mesmo?"

Lembrei-me disso hoje ao receber a notícia de que a matrícula do Dante em uma escola foi negada. Procurei a escola em setembro, me cozinharam em banho-maria por três meses para agora, aos 45 do segundo tempo, negarem a matrícula com uma desculpa idiota.

Fazemos o quê? Procuramos o leprosário?


(Sou louco pra conhecer o Antigo Lazareto de São Cristóvão, hoje, infelizmente, convertido em hospital normal. Parece há por lá azulejos lindos. Quem sabe agora?)

PS: A escola é a Bia Rizzo, no Grajaú.

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