Quando menino, meu trote preferido consistia em, depois de ligar para um número qualquer, falar ligeiro em um tom anasalado e distante: "Alô! Aqui é da Rádio Nacional. A senhora saberia dizer qual o cemitério do Rio de Janeiro que tem o nome de uma fruta?". A vítima, entre assustada, desconfiada e incrédula, sempre balbuciava um "O quê?" ou algo próximo a isso, e eu então repetia mais espaçadamente: "Qual o cemitério do Rio de Janeiro que tem o nome de uma fruta?" Aí, era batata, a pobre dizia: "Caju!", certa que ganharia uma geladeira, e eu, extasiado, gritava do outro lado: "Pega a castanha e enfia no cu!".
Eram assim os trotes da minha infância. Fosse eu psicólogo, tivesse eu terminado o meu curso, diria hoje que eram bons tempos, hoje é tudo mais violento e com efeito é, se levarmos em conta trotes de falsos sequestros.
E o Caju continua no imginário do carioca como nome de cemitério, poucos sabendo que na verdade trata-se de quatro cemitérios, um deles judeu. São cemitérios antigos, um deles o primeiro para os negros e indígenas, que antes eram sepultos em frente à Igreja de Santa Rita, onde até hoje estão, sabe-se lá como descansam sob o peso de tantos ônibus na Marechal Floriano.
Mas o Caju é mais, bem mais que cemitérios. Lá situa-se uma jóia colonial: a Casa de Banhos D. João VI. Quando pedi à taxista que para lá me conduzisse (era uma taxista), fiz questão de dizer que não se tratava de puteiro, mas sim da casa oitocentista onde nosso antigo monarca foi tomar banhos por recomendações médicas, pois um carrapato cravara-lhe os dentes.
Daí pode-se afirmar que os banhos de mar nasceram no Caju. Para uma cidade como esta, que tanto se vangloria de suas praias, não me parece pouco.
A praia do Caju sumiu, tantas vezes aterrada. O Caju, como a Gamboa, o Santo Cristo, a Saúde, o Catumbi, é dos bairros tradicionais, ricos em história, que tanto sofreram e sofrem com descaracterizações mutiladoras.
O que se vê hoje no Caju é mui provavelmente uma caricatura do que este bairro foi no passado.
Mas ainda se encontra muita coisa interessante. Por isso a ele voltarei, em passeios e no blog.
Eram assim os trotes da minha infância. Fosse eu psicólogo, tivesse eu terminado o meu curso, diria hoje que eram bons tempos, hoje é tudo mais violento e com efeito é, se levarmos em conta trotes de falsos sequestros.
E o Caju continua no imginário do carioca como nome de cemitério, poucos sabendo que na verdade trata-se de quatro cemitérios, um deles judeu. São cemitérios antigos, um deles o primeiro para os negros e indígenas, que antes eram sepultos em frente à Igreja de Santa Rita, onde até hoje estão, sabe-se lá como descansam sob o peso de tantos ônibus na Marechal Floriano.
Mas o Caju é mais, bem mais que cemitérios. Lá situa-se uma jóia colonial: a Casa de Banhos D. João VI. Quando pedi à taxista que para lá me conduzisse (era uma taxista), fiz questão de dizer que não se tratava de puteiro, mas sim da casa oitocentista onde nosso antigo monarca foi tomar banhos por recomendações médicas, pois um carrapato cravara-lhe os dentes.
Daí pode-se afirmar que os banhos de mar nasceram no Caju. Para uma cidade como esta, que tanto se vangloria de suas praias, não me parece pouco.
A praia do Caju sumiu, tantas vezes aterrada. O Caju, como a Gamboa, o Santo Cristo, a Saúde, o Catumbi, é dos bairros tradicionais, ricos em história, que tanto sofreram e sofrem com descaracterizações mutiladoras.
O que se vê hoje no Caju é mui provavelmente uma caricatura do que este bairro foi no passado.
Mas ainda se encontra muita coisa interessante. Por isso a ele voltarei, em passeios e no blog.
2 comments:
olha que bizarro! ontem mesmo eu passei pela Av brasil e vi uma placa, perto do cemitério, indicando a tal casa de banho. a única coisa que pensei foi 'hm. uma placa indicando um puteiro. deve ser um puteiro histórico'.
Agora tudo faz sentido.
=D
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