Saturday, November 20, 2010

POLEIRO DO GALETO



Na sexta almoço no Poleiro do Galeto, no CADEG, em Benfica. Já estivera empoleirado por aqui, coisa de uns seis anos, quando ficamos eu, Bia, Alexandre e Afonso por horas tentando chegar a uma conclusão (e definição) do que seria um concunhado. Se chegamos a alguma conclusão, pouco lembro, que esses assuntos são muitos dificultosos.

Chego cedo, o purtuguês me encara sério, muito sério, pensando cético enquando mastiga palitos: "Esse puto não é daqui... Que será que esse galego queire?"... Esta minha condição: se vou ao Antiquarius, I don't belong; se vou ao Poleiro, idem... Nem esquento mais, em vez disso: peço cerveja. É cedo, só tem eu sentado. O dono tabém bebe com um colega. Nisto entra o Caldeira, padrasto do meu cunhado e, para estupefação do purtuguesão, saudamo-nos, abraçamo-nos cordiais.

O Poleiro do Galeto é pé-sujo mesmo, de moscas, cheiro de mijo de gato e donos encarantes, e assim o quero eternizado, intacto, suspenso no ar. Tenho medos de que aconteça com o CADEG o que aconteceu com o Mercado Municipal de São Paulo e, em menor intensidade, com o Mercado São Pedro (ver primeiro post do ano). Tenho medo de que o aburguesem, o higienizem em excesso. Quero sentar aqui e ver defronte a loja de ovos Gema Dourada, toda ela azulejos azuis (imenso banheirão), com folhinhas de santos e de festas purtuguesas. Já instalaram aqui o Barsa, restaurante de chef, mas espero que pare por aí.

Voltando ao Poleiro: meu sobrinho chega e pedimos o almoço. Aqui é assim: todo dia tem bacalhau e mais o prato do dia. O de sexta, eu já sabia, que saloio não sou, é o cabrito. Custa 27 reais, serve bem duas pessoas e vem molhando a farofa, o arroz e as batatas. Não é como o do Nova Capela, filé. O daqui vem cheio d'ossos, na vinha d'alhos. Aliás, já que comecei a comparação, continuo: pagará a pena voltar ao Capela, pagar 65 reais por um cabrito seco em porção que hoje mal dá para um?

Ao sairmos, o Poleiro está cheio, ocupam várias mesas pelos corredores. Meu sobrinho me fala que agora tem loja vendendo cervejas especiais por lá. Tão vendo?, é o sinal da "sofisticação". Mas eu lá vou, claro, e me refestelo com Flying Dogs, Colorados e Wäls. Mas isto já será assunto para outro post.

3 comments:

Josimar said...

me lembro q vc comentando desse bar e dessa conversa numa aula...

su. said...

meus pais conhecem os donos. haha. então foi um tanto quanto engraçado ler isso. tristemente a pessoa que mandava na cozinha morreu há pouco tempo, a mulher do dono. :/

A VIDA NUMA GOA said...

Caramba, Suellen, de modo que já sei onde você irá entregar meu whiskão bretão........