Na sexta almoço no Poleiro do Galeto, no CADEG, em Benfica. Já estivera empoleirado por aqui, coisa de uns seis anos, quando ficamos eu, Bia, Alexandre e Afonso por horas tentando chegar a uma conclusão (e definição) do que seria um concunhado. Se chegamos a alguma conclusão, pouco lembro, que esses assuntos são muitos dificultosos.
Chego cedo, o purtuguês me encara sério, muito sério, pensando cético enquando mastiga palitos: "Esse puto não é daqui... Que será que esse galego queire?"... Esta minha condição: se vou ao Antiquarius, I don't belong; se vou ao Poleiro, idem... Nem esquento mais, em vez disso: peço cerveja. É cedo, só tem eu sentado. O dono tabém bebe com um colega. Nisto entra o Caldeira, padrasto do meu cunhado e, para estupefação do purtuguesão, saudamo-nos, abraçamo-nos cordiais.
O Poleiro do Galeto é pé-sujo mesmo, de moscas, cheiro de mijo de gato e donos encarantes, e assim o quero eternizado, intacto, suspenso no ar. Tenho medos de que aconteça com o CADEG o que aconteceu com o Mercado Municipal de São Paulo e, em menor intensidade, com o Mercado São Pedro (ver primeiro post do ano). Tenho medo de que o aburguesem, o higienizem em excesso. Quero sentar aqui e ver defronte a loja de ovos Gema Dourada, toda ela azulejos azuis (imenso banheirão), com folhinhas de santos e de festas purtuguesas. Já instalaram aqui o Barsa, restaurante de chef, mas espero que pare por aí.
Voltando ao Poleiro: meu sobrinho chega e pedimos o almoço. Aqui é assim: todo dia tem bacalhau e mais o prato do dia. O de sexta, eu já sabia, que saloio não sou, é o cabrito. Custa 27 reais, serve bem duas pessoas e vem molhando a farofa, o arroz e as batatas. Não é como o do Nova Capela, filé. O daqui vem cheio d'ossos, na vinha d'alhos. Aliás, já que comecei a comparação, continuo: pagará a pena voltar ao Capela, pagar 65 reais por um cabrito seco em porção que hoje mal dá para um?
Ao sairmos, o Poleiro está cheio, ocupam várias mesas pelos corredores. Meu sobrinho me fala que agora tem loja vendendo cervejas especiais por lá. Tão vendo?, é o sinal da "sofisticação". Mas eu lá vou, claro, e me refestelo com Flying Dogs, Colorados e Wäls. Mas isto já será assunto para outro post.
3 comments:
me lembro q vc comentando desse bar e dessa conversa numa aula...
meus pais conhecem os donos. haha. então foi um tanto quanto engraçado ler isso. tristemente a pessoa que mandava na cozinha morreu há pouco tempo, a mulher do dono. :/
Caramba, Suellen, de modo que já sei onde você irá entregar meu whiskão bretão........
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