A neuropediatra do Dante, conosco há mais de dez anos, tem seu consultório distante de nossa casa (o que já foi enorme transtorno, hoje bem menos) e suas consultas, lá vai litotes, não são nada baratas, com o agravante de que os preços obedecem a índices de reajuste muito próprios, cuja lógica me é desconhecida. Ela é excelente: profunda conhecedora da área, atenciosa, boa ouvinte.
Para a pediatra regular, no entanto, e não se veja aqui hierarquização, pensei em solução mais simples: alguém que atendesse pelo plano e num bairro próximo. Encontrei.
Logo na nossa primeira consulta ela perguntou sobre a escola do Dante. Ante minha resposta, indagou, muito melíflua: 'Você não acha que o Dante estaria melhor numa escola especial?'. Perdi o ar, mas consegui dizer 'Não, não acho não, e a educação inclusiva é um caminho sem volta'. Ela percebeu meu desconforto, não insistiu, examinou o pequeno. E se revelou, a propósito, ótima profissional: carinhosa, paciente, também boa ouvinte.
Tantas vezes nos arrependemos achando que não demos a resposta certa. Olha, ali acho que acertei.
No entanto, hoje já não sei se a educação inclusiva é um caminho sem volta. Não achávamos ser a democracia caminho sem volta? Não houve / há o decreto 10.502, o Decreto da Exclusão? Educação inclusiva não é caminho sem volta, mormente em país que joga confete pra fascista. É aquela coisa, perdoem os chavões, será caminho sem volta com incansável (pra não usar 'eterna', pesada) vigilância. Mesmo porque, parafraseando Brecht, a cadela da exclusão está sempre no cio.