Sunday, May 10, 2020

Por que não homenagear esfoladores?


Escrevi já sobre Famagusta aqui no blog: a princípio não queria conhecer, mas acabamos conhecendo o que se tornou o destaque de nossa viagem ao Chipre.

Na esplêndida mesquita medieval de Lala Mustafá Paxá, casavam-se reis e rainhas de Jerusalém, quando ela era catedral de São Nicolau. É muito mais interessante por fora do que por dentro. Como, aliás, a maioria dos castelos.

Agora um detalhe: o nome do Paxá Lala Mustafá (1500-1580) só foi efetivamente incorporado à designação da mesquita em 1954. Esse paxá grão-vizir (lembrado pelo Pink Floyd em música merecidamente obscura do Ummagumma) era de uma crueldade terrível, bastando lembrar seu gosto especial em esfolar as pessoas vivas, como fez com Marco Antonio Bragadin.

O que mais me surpreende é que tal homenagem seja de 1954! Depois de duas guerras mundiais recentes, depois da criação da ONU etc etc. Mais politicamente (literalmente) incorreto, impossível. Para um país, a Turquia, que se recusa a reconhecer o genocídio armênio, tristemente compreensível.

Homenagear torturadores rende dividendos. Recentemente elegeu presidente num país da América do Sul.

(Mas por que fiz esta postagem? Porque desejo escrever mais sobre São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto)


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