Wednesday, February 19, 2020

QUADROPHENIA em BRIGHTON


Dizer Quadrophenia é dizer a ópera-rock do The Who, álbum duplo lançado em 1973, e dizer também o filme homônimo de 1979, de Franc Roddam, ambos nascidos clássicos e cults.

São muitas as postagens neste blog sobre o Quadrophenia, mas esta fala exatamente de que foi o primeiro Who que comprei: a trilha, achando que era a ópera.

Quem escuta há 40 anos, sempre com renovados pânicos e lágrimas, tinha que visitar Brighton um dia. Explico.

A galera mod do Jimmy era de Londres, sendo Carnaby Street o coração pulsante do movimento Mod. Mas eis que vão a Brighton num fim-de-semana para célebre encontro que incluiria muita lambreta, muitas bolinhas (uppers and downers, de que os Beatles no início também eram fãs), muito rock e r&b, muito sexo e, claro, muita porradaria com os rockers.

Foi em Brighton que Jimmy encontrou sua identidade como Mod, quando tudo que ele precisava era belonging: "I don't want to be the same as everyone else. That's why I'm a mod, see?"  É em Brighton que Jimmy enfim consegue ficar com a Steph, com quem tem uma bunnyfuck num beco hoje imortalizado como QUADROPHENIA ALLEY. Ele não tinha nome antes do filme.

É em Brighton que ele conhece o Ace, o mod mais fodão, representado no filme pelo Sting. Mas é ali também que ele é detido pela polícia para depois, de volta a Londres, perder emprego, casa, namorada, lambreta, em ordem de importância. E nesse estado de completo desamparo retorna a Brighton, em busca de... bem, todos sabemos mais ou menos

Mas tolo ele não é. Tanto que entra rodopiando no beco e ao fim dele, com o choque de realidade, cospe FUCK IT! FUCK IT!

Mais choque de realidade ao descobrir que o poderoso Ace não passava de um bellboy no Grand Hotel, correndo para lá e para cá de cabeça baixa para servir, submisso, à classe alta londrina. Então era depredar o hotel no fim-de-semana para depois voltar a ele como empregado ("I work in hotel, all gilt and flash / Remember the place where the doors were smashed?")

Então é ainda em Brighton que ele rouba a lambreta do Ace para percorrer Beachy Head e, enfim, se arremessar do penhasco. Bem, é ambíguo se ele voa junto à lambreta. De qualquer modo, se ele morre ou não é o de menos, o certo que morre ali o Jimmy mod.

Eu tinha então que conhecer Brighton: ver a praia de seixos, o pier, o hotel, as ruas onde mods, rockers e policiais travaram encarniçada luta.

Misturei aqui fatos do filme e do disco, que têm equivalências e diferenças. A equivalência maior é que Brighton ocupa posição central nesta que é a ópera-rock de mais refinada fatura em toda a história do rock e, por que não dizê-lo, em toda a história da música ocidental.






 




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