Sunday, June 30, 2019

Este tolo no mês de junho (ainda) ou Nunca te amei tanto como agora

no tempo do México, talvez San Miguel de Allende
será sempre meu cummings favorito ::

'behold this fool who in the month of June
having certain stars and planets heard
rose very slowly in a tight balloon
until the smallening world became absurd;

I have never loved you dear as now i love
 
i am a birdcage without any bird
a collar looking for a dog a kiss
without lips;a prayer lacking any knees
but something beats within my shirt to prove
he is undead who living noone is.
I have never loved you dear as now i love.
 
Hell (by most humble me which shall increase)
open thy fire!for i have had some bliss
of one small lady upon earth above;
to whom i cry remembering her face
i have never loved you dear as now i love'
 
no tempo do México, talvez Guanajuato
 

Saturday, June 29, 2019

COR-disburgo... CORdisburgo



Tentaram mudar o nome da cidade para Guimarães Rosa, até que alguém lembrou que o próprio já falara do sagrado que é o lugar de nascença, o nome ('Tudo que tem nome me pega'), e deixaram como ele a conheceu e amava. Já se chamou Vista Alegre, genérico demais, Cordisburgo é muito mais bonito, o burgo do coração. Já se chamou também Arraial do Saco dos Cochos, este sim nome tão bonito quanto.

Eu estava para ir a Cordisburgo desde 1988. Nesse ínterim, o Muro de Berlim caiu, o Vasco foi campeão da Liberta, fui à Índia três vezes, casei, separei, abandonei a Psicologia, escrevi poemas, fui ao Sri Lanka, Malta, Eslováquia, voltei a Milho Verde, fiz-me professor, conheci Dante e Camila e ouvi cigarras agarradas às tamarindeiras do Grajaú.

Cordisburgo me esperava.

Ouvi de Seu Brasinha (aqui) cujo museu-de-tudo é visita quase tão imprescindível quanto a Casa Museu João Guimarães Rosa a história:

Um conhecido seu, dali de perto, queria conhecer o Guima e então pegou o trem  bem em frente à casa, que o conduziu a Leopoldina. De lá andou até o Itamaraty, onde fez-se apresentar dizendo apenas ser de Cordisburgo, queria conhecer o João. Quanto respondeu que não tinha nada marcado, negaram-lhe a entrada, mas um porteiro, sensibilizado, foi lá ter com o chefe do Serviço de Demarcação de Fronteiras para segredar-lhe que na porta do palácio estava um conterrâneo.

Rosa dispensou todos os funcionários e pediu-lhe que o conterrâneo subisse. Quando este chegou, Guimarães nem levantou para abraçá-lo nem nada. Ficou repetindo 'Cor-dis-burgo....', 'Cor-dis-burgo'.

































Sunday, June 23, 2019

O de-Janeiro e a Casa de D. Vera



Conversei com Brasinha, em seu museu-de-tudo em Cordisburgo (aqui) por comprida meia-hora, em que ele me falou que das coisas de que mais gosta na obra do Rosa é isso dos lugares, dos nomes dos lugares, e falou na Serra das Araras e do Córrego Batistério, que ele achava que tinha esse nome no romance porque ali como que se dá o batismo do Riobaldo na jagunçacem e depois ele descobre a sempre existência do córrego com esse nome. É tudo ligado.

Comigo é o mesmo. O ponto alto desta minha segunda viagem ao sertão do Rosa foi conhecer o Rio de-Janeiro, lugar mítico na obra por ser o encontro primeiro entre Riobaldo e Diadorim, eles meninos ainda. Riobaldo apavorado que a canoa podia virar (canoa de peroba, que, ao contrário das outras, se virar afunda) e ele não sabia nadar. Diadorim tampouco sabia nadar, mas dá ordem ao canoeiro, uma palavra só, firme mas sem vexame: -- 'Atravessa!'

O menino Riobaldo andava por lá esmolando, a pedido de sua mãe que fizera promessa caso ele sarasse de doença. Ele lembra: "é uma beira de barranco, com uma venda, uma casa, um curral e um paiol de depósito".

Pois essa casa existe e nela moram Dona Vera e o cachorro Marimbondo. Uma casa muito velha, casa fora do tempo.

É sentir amor daqueles que doem