Ir a Roma e não ver o papa, tudo bem, eu mesmo algumas vezes. Se bem que, agora com o ótimo Francisco, já muda de figura. Mas de volta ao assunto :: ir a Roma e não ver o papa passa, ir a Vitória e não trazer panela de barro é pecado venial.
Como sabemos, são os capixabas orgulhosos de suas moquecas que, ao contrário das rivais (não para mim) baianas, não levam dendê nem leite de coco. Essas moquecas só podem ser feitas em panelas de barro e essas panelas só podem ser as feitas pelas paneleiras de Goiabeiras com a argila que só pode ser a econtrada no Vale do Mulembá, no bairro de Joana D'Arc. Está certo, terroir é isso, viaja-se para isso. Em Vitória, pode-se adquirir uma dessas panelas autênticas de duas maneiras. A mais simples consiste em ir na cooperativa das paneleiras, enquanto a outra te faz deambular pelo bairro mesmo de Goiabeiras conversando aqui e ali, atrás de sinais que nos levem a quintais onde se modelem as panelas à mão e se as queimem ao ar livre no chão.
Escusado dizer a maneira que escolhi.
O IPHAN reconheceu as panelas como patrimônio imaterial brasileiro, na verdade elas foram o primeiro reconhecimento dessa natureza da parte do Patrimônio.
Bem, cá entre nós, até entendo que o modo de fazer o queijo do Serro, bem como o modo de fazer a renda irlandesa em Sergipe, bem como o sotaque de Mooca sejam patrimônios imateriais. Mas as panelas de barro? Deixa ela escorregar no teu pé pra ver. =)