Há uma semana chegou-me pelo correio a camisa da seleção de Zanzibar, presente do amigo João, que por lá andou. O mimo encheu-me de júbilo, de vez que, até onde sei, sou o únco grajauense possuidor de tal tesouro. A camisa vem somar-se à minha coleção que já inclui Malta, Tunísia, Sri Lanka, Guatemala, Índia, para citar apenas algumas.
Mas caso o João visite a Croácia e suas belas praias, dispenso a camisa da seleção. Não sei se sabem mas os famigerados quadradinhos vermelhos e brancos fazem alusão à Ustasha, a bárbara organização croata de extrema-direita que perpetrou um verdadeiro genocídio de sérvios, judeus e ciganos durante a II Guerra.
Quando os nazistas invadiram a Iugoslávia, em 1941, os croatas, em vez de combateram os invasores, aliaram-se a eles para levar a cabo o seu Holocausto doméstico. Aliás, os croatas da Ustasha cometiam barbaridades tão atrozes que chegaram mesmo a chocar alemães nazistas e italianos fascistas.
O Vaticano, claro, fez vista grossa. Afinal, os croatas eram católicos a limpar a santa Croácia dos cristãos ortodoxos. E, repito, de judeus e ciganos.
É possível afirmar que os quadradinhos já existiam em bandeiras croatas antes da Ustasha, no século XIX. Mas estampá-los na camisa da seleção de futebol é, sim, fazer alusão a este passado mais recente do país. No mínimo, uma provocação. Seria algo como, sem exagero, a seleção alemã bordar em sua camisa a suástica. Poder-se-ia sofismar que o símbolo não foi criado pelos nazistas, é muito mais antigo etc. Oras.
Por isso, eu que não morro de amores por esta seleção do Brasil, hoje sou totalmente verde-amarelo. Diria mesmo: brasileiro desde criancinha. Que a Croácia perca todos os seus jogos enquanto estampar com orgulho este pedaço de sua história sádica.
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Avante, Zanzibar! |
PS: Mas livrinho em croata eu tenho, e não há contradição
aqui!