Wednesday, July 31, 2013
Tuesday, July 30, 2013
Pique-Pilastra, com Dante
Antes de o Dante nascer eu dizia que o Gustavo seria seu professor de futebol, a mãe do Gustavo sua professora de piano e ainda iríamos arranjar quem lhe ensinasse violino.
Depois que o Dante foi diagnosticado com West e com seus harmatomas, as expectativas diminuíram um pouco. Eu queria que o Dante andasse, que ele falasse, que ele interagisse comigo.
Engraçado isso de mudanças de horizontes de expectativas, hein?
Não escrevo isso a título de autocomiseração ou que tenham pena do Dante. É só que, como o levo muito para brincar no play e o play tem as suas pilastras, instituí o que chamo pique-pilastra, que consiste em correr em torno de uma (que seja bem branca) de modo que um alcance o outro. Tá. Um pique-tá, o mais clássico dos piques, ao redor da pilastra branca.
É uma delícia, criança adora, inda mais se a gente trapaceia e, súbito, TCHARAM, dá meia-volta e vem aquele susto.
A brincadeira não dura lá essas coisas.
Mas a cada dia um pouquinho mais.
Monday, July 29, 2013
São Paulo! louca emoção de minha vida
Dando continuidade a este post aqui, quatro fotos quentinhas. Se não são lá grandes coisas, ouçam e vejam :: não é todo dia que se fotografa um fantasma. Um fantasminha. Em plena Paulista.
Exposição Rubem Braga :: Assombrosa de bonita
Assombrosa de tão bonita a exposição do Rubem Braga no Museu da Língua Portuguesa. Tive o privilégio de lá assistir à exposição inaugural, sobre o Guima, e esta manteve o ótimo nível.
Abrangente sem ser exaustiva, profunda sem ser acadêmica, a exposição abraça o visitante que logo se vê interagindo com textos e fotos e falas e objetos e relíquias. Todos querem abrir as gavetas que se iluminam, todos querem falar nos velhos telefones, todos querem levar as crônicas para casa, todos querem ouvir os depoimentos de Danuza, Ziraldo, Lígia, Hugo sobre aquele ranzinza mocorongo que amava sua cobertura, sua rede, seus whisky e as mulheres bonitas. Todos querem esticar o braço por amor de ver se ali pousa o passarinho que roubou ao Conde a sua medalhinha. Todos querem sentar-se ao sofá e pegar um de seus livros para ler.
Quem depois disso tudo não vira cronista? Inda mais que do lado de lá da janela o sol espana o frio e o céu se faz azul como os céus de Cachoeiro.
Ás 12:15 ela me olha e pede
Pinheiros ::: julho de 2013 |
às 12:15 ela me olha e pede
tomávamos cerveja sob o sol
o sol tão branco deste inverno frio
o sol tão brando a nos flambar a pele
que eu espere que eu não compre quer me dar
Genesis do Sebastião Salgado
o começo dos mundos intocados
minha vida era sem forma e vazia
lá sei se por ela Deus se movia
sobre a face das águas dos meus dias
hoje juntos dançamos os foxtrotes
nos quartos dos hoteis da Mantiqueira
como me pede se quero presente
se o presente já veste este pedido
Chovem exílios nesta tarde escura
São Paulo ::: julho de 2013 |
ela me trouxe as mãos por que eu ansiava
por que sonhava mal sabendo sonhos
e mal sabendo ânsias que no entanto
em mim moravam desde quando fiz-
-me sonhador ela me trouxe a voz
a voz de paina e doçura com que
se tecem os sonhos dos meninos ruivos
dos nublados subúrbios de Galaway
ela me trouxe o coice ela me trouxe
o desassossego e também a paz
e se não tenho tudo o que ela traz
chovem exílios nesta tarde escura
as nuvens muito cinzas são ermidas
e refúgio dos pássaros suicidas
Thursday, July 25, 2013
(Two) Two of Us
Longe de ser um clássico dos Beatles, "Two of us" é ótimo exemplo de road song, justo quando a road deles agonizava, long and winding que fora. A música é linda. A galera que se amarra no determinismo biográfico arranca os cabelos tentando decidir se a música é para a Linda ou para o John. Linda. John. Esquecendo-se eles de que ela pode ser de todos nós, quando a fazemos nossa.
O Supertramp também tem uma música com esse nome. Linda, linda de morrer. E Hodgson.
A versão do Beatles que postei tem uns assobios do Lennon no final que mais tarde foram cortados. E pra quem sempre quis saber o que ele diz no início: “I Dig A Pygmy’ by Charles Hawtrey and the Deaf Aids. Phase one, in which Doris gets her oats".
Já a versão do Roger Hodgson traz um sax de todo ausente da versão original. Isso em 1'25''. Ficou tão bonito que todo mundo levanta para aplaudir e chorar.
Botequins de Todos os Times
É redundante combinar botequim com futebol. Muitos botequins cariocas fazem questão de ostentar o time do coração do dono e neste quesito, dada a história dos nossos botecos, o Vasco é ainda imbatível. O que é ótimo :: um pôster aqui, uma cruz-de-malta ali torma qualquer lugar mais bonito.
Mas claro que há também os botequins tricolores, botafoguenses, rubro-negros.
E há os botequins de todos os times.
Se por um lado, isso muitas vezes atende a uma preocupação puramente marqueteira da InBev, por outras revela o desejo sensível do dono de, sem negar o seu time, abrir espaço para os demais, de maneira que todos se sintam contemplados.
Este desejo tolerante, naturalmente, é praticamente impossível da parte daqueles que defendem o pensamento hegemônico, a monocultura, e gostariam de ver a o botequim, o bairro, a cidade, o estado, o país, o continente, o planeta torcendo todos pelo mesmo time: o rubro-negro.
Sem comentários.
Esquecem-se de que a diversidade enriquece e que o Rio de Janeiro, até onde sei, é a única cidade do mundo com quatro clubes grandes. E olhem que já estive em Bandarawela, no Sri Lanka.
E que além dos quatro tem ainda o América (registrei aqui) e os maravilhosos times dos subúrbios. Ponto a mais, portanto, para aqueles que ainda se lembraram do Madureira, do Bangu, do Olaria, do Bonsucesso. E do São Cristóvão (aqui).
Bar Sepulta Carnaval - Engenho de Dentro |
Bar da Galera - Tijuca |
Bar - Bairro de Vasco da Gama |
Café e Bar Dantas - Méier |
Café e Bar Belegarde - Engenho Novo |
Tuesday, July 23, 2013
L'amor che move il sole e l'altre stelle
sempre haverá aquele cara chato
passada a meia-noite irá dizer
'amanhã não, hoje' e corrigirá
quem o milênio comemorou em
2000 : sempre haverá : bem ao meu lado
e também com certeza ao lado teu
o mesmo chato que dirá: o sol
é uma estrela a Terra é que gira
ao seu redor ::: chato chato chato
não vê que o sol acorda aqui e dorme
bem do outro lado :: como pode ser
tão chato e cego não vê que o amor move
Dante o amor e o sol que nascem nele
L'amor che move il sole e l'altre stelle
Museu da Casa Brasileira
Agora que Praga Paris e Padova são destinos mais comuns entre nós, partiu prestar atenção também aos museus lindos que temos por aqui? (Eu sou um chato mesmo)
Quando fui a Praga, ninguém ia. Eu dizia "Pra-ga" e a galera entendia "Braga". (Muito chato mesmo)
O Museu da Casa Brasileira é oásis de cultura em meio ao consumismo da pauliceia do Itaim Bibi e de Pinheiros. É lindo, o jardim, o restaurante, as exposições.
E olhem que fui numa segunda de manhã, quando ele estava fechado.
Gozando Junto III
Cá estamos de volta com novas fotos da Série "Gozando Junto", que já mereceu até nota de pé de página em um jornal da periferia de Bucareste.
Reparem que o gozador pegou (epa!) até umas freirinhas da Jornada Mundial!
Morro da Penha - Niterói |
São Januário |
DéliBeer |
Sto. Antônio do Pinhal-SP |
Centro do Rio |
Icaraí |
Grajaú |
Sunday, July 21, 2013
Estou farto de semideuses
Almoço com A, perfeito libertário do facebook que promete a libertação da Palestina para antes da Copa
Vou a um show com B, que tudo conhece de poetas e poesia em seu pétreo conhecimento
Tomo chopp com C, que come três mulheres por dia
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
O Dia em que Rubem Braga comeu pavão
Há alguns meses visitei o Affonso Romano em sua cobertura de Ipanema e de lá ele me mostrou uma outra mais famosa e mítica cobertura: a de Rubem Braga, aquela em que, quando perguntado no fim da vida como receberia os curiosos, respondeu: a bala.
Acho que valeria a pena o risco, afinal, não se sabe se o Fazendeiro do Ar tinha boa pontaria, ainda mais depois de uns whiskies.
Se ele errasse os primeiros tiros, eu lhe perguntaria se foi verdade aquela história do pavão em Goa. Explico ::: descobri semana passada crônica do Rubem datada de fevereiro de 1990 chamada "De Goa a Ipanema". Nela o cronista conta que, quando em Goa, em 1965, recebeu convite de casal português para comer peru. Passadas garfadas, a dona da casa confessa que os enganara: não era peru coisa nenhuma, mas pavão, ave que Rubem diz ser "relativamente comum lá". Ele come até o fim. Mas com remorsos.
Nas duas vezes em que estive em Goa não vi pavão nenhum, nem solto nem em baixelas. Se eu teria comido? Isso é outra história.
Aliás (e quem conhece a crônica entenderá muito bem este aliás), certa vez eu e meu cunhado fizemos algo semelhante: servimos coelho à minha mãe dizendo tratar-se de galinha da angola. Quando contamos, ela ficou furiosa, como jamais vi.
E assim, de Goa a Angola se faz a crônica, à falta do talento (e de uma cobertura) do Rubem.
Saturday, July 20, 2013
A tarde é este livro aberto
a tarde Pampi é este livro aberto
estes sonetos não se cansam de
falar de tardes noites e manhãs
porque eu não canso de sorver as tardes
as noites as manhãs quando passadas
contigo :: o livro aberto tem as páginas
em branco :: iremos escrevê-las tarde
adentro e resguardamos o ardor
quando as almas enfim apaziguadas
(corpos jamais) descemos com os pés
descalços encharcados desta tarde
crianças insaciáveis para jogar
a sinuca do velho bar da roça
e depois a gente incendeia o mundo
Friday, July 19, 2013
Rua Goulart - Tijuca
A Rua fica na Tijuca, bairro onde meus pais se conheceram, bairro onde estudei e que eu dizia odiar.
A mitologia idiota até hoje permanece... Junto a "classe média"..."tijucano" e, pronto, temos a origem de todo o mal do país. Se for tijucano classe média então, ferrou.
Pois a Tijuca tem coisas belas, belas como um copo de ouro.
Mas como ouro, hay que garimpar.
E rasurando Bandeira:
Homens ricos do Rio de Janeiro
Que dais quinhentos contos para conhecer Praga,
Está certo,
Mas dai dinheiro também para a Rua Goulart.
Grãs-finas cariocas e paulistas
Que pagais dez contos por um modelo de Christian Dior
e meio conto por uma permanente no Baldini,
está tudo muito centro,
Mas mandai também dez contos para consolidar umas quatro casinhas de Rua Goulart.
(Nossa Senhora da Saens Peña vos acrescentará...)
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