Sunday, May 06, 2012

Salvemos o Mosteiro de Fráguas

Não é o Humaitá paraíso para amantes de botequins. Tem a Cobal, eu sei, mas por isso mesmo. Entanto, no começo de ruazinha tranquila tem o Vimiozense e em sua artéria principal, que nos leva de Botafogo ao Jardim Botânico, tem o Aguedense. Dois gentílicos: o da ruazinha denomina os nascidos em Vimioso, no Alto Trás-os-Montes, onde ainda se fala o mirandês, e o da rua agitada nomeia os nascidos em Águeda, distrito de Aveiro.

Antigamente era assim: vinham os patrícios para cá e, de modo a revelar o orgulho pela terra deixada para trás ou, talvez, de modo a mostrar que não a deixaram de todo, nomeavam os seus botequins com os nomes de suas terras.

Exemplos (r)existem em profusão. Muitas vezes são os rios lembrados, assim o Rio Barcia no Centro / Lapa, o Foz do Rio Vouga, nas Laranjeiras, o Flor do Tâmega (e também aqui), no Santo Cristo, o Rio Minho, na Penha. 

Falando em Minho, como muitos portugas eram minhotos (como o sogro que não conheci), a região é muito lembrada: o Rio Minho é o mais antigo do Rio, ali no Centro, no Grajaú há a Padaria Capricho do Minho e os botecos Roças do Minho (com pintura antiga) e Costa do Minho (com azulejos amarelos e azuis).

E ainda tem o Mouraria (que maravilha) no Estácio, o São José Trás-os-Montes na Praça da Bandeira, o Alafarela no Rio Comprido e, primus inter pares, o Mosteiro de Fráguas, no Largo da Segunda-Feira, no Engenho Velho.

Mas, passados tantos anos de pé atrás do balcão, os meninos se cansam e morrem, os bares são vendidos e aqueles nomes amiúde já não fazem nenhum sentido para os novos donos. Se estes os mantém, será por comodidade, que será custoso alterar a razão social do estabelecimento, mas os bares passam a ser conhecidos simplesmente por "Bar do Valdir", "Bar do Carlinhos", "Bar do Toninho". E milhares de "Bar do Zé" e "Bar do Chico".

Na Tijuca encontri um velhusco do Zé cujo dono atual esforçou-se para lembrar-se do nome antigo. Em vão. O já citado Mouraria mesmo é conhecido por outro nome (que eu, vingança, fiz questão de não aprender). Ainda no Estácio, na subida do São Carlos, exemplo emblemático disso no Bar Flor da Condeixa / Bar Chico. Aqui, ao menos, o atual dono manteve o nome primeiro. Nada tenho contra o Chico, muito menos contra o Zé, mas é uma pena que os nomes antigos sejam empurrados para a vala do olvido.


Piso do Mouraria

Roças do Minho

Canto do Minho

1 comment:

Anonymous said...

Minha ronda boemia ao Rio Barcia e aos outros que eu não conhecia.