Serão cerca de 108 os preconceitos contra o rock progressivo, porém poucos tão repetidos (e repetitivos) quanto o que reza que todas as músicas de rock progressivo são longas. Não apenas longas, são longuíssimas intermináveis suítes que, nos shows, deixam choca nossa cerveja. O que, convenhamos, é cousa muy grave.
Reparem: todas as músicas. O preconceito é assim, monolítico e totalizante. Se confrontado com a realidade... bem, deixa pra lá, o preconceito odeia esse confronto e dele foge como o Pastor Malafaia da cruz.
Ainda bem que, em 1977, o punk chegou com suas músicas de dois acordes e dois minutos, restaurando a essência do rock. Aqueles jovens de cabelo moicano e cadeados, que apregoavam We're not interested in music but in chaos eram, pois, essencialistas.
Mas daí (falta coesão entre este parágrafo e o anterior, darn in) ocorreu-me uma piadinha esta manhã, enquanto dava água de coco ao Dante, que chamo, carinhosamente de coquinho. A água, não o menino.
Percebe o professor um aluno com fone de ouvidos em sua aula. Gentil, solicita-lhe que o guarde, ao que o aluno replica: "Professor, só mais uma musiquinha...".
Mal sabia o mestre que a música era a Echoes, de 23:31. Ou, pior, a Scheherazade, de 28:48. Ou, ainda pior, a Karn Evil 9, de 29:38!!!!
Ou, horror dos horrores, a Garden of Dreams, do Flower Kings, de 59:57.
Foi mal, não teve graça, eu sei. Mas pelo menos foi curta. Só dois minutos. Menos de dois acordes.