Acordo com vontades, musicais e que tais.
Aterrissou aqui em casa nesta manhã pluviosa um UFO. Não veio sozinho, trouxe um Pássaro de Luz e um Smog Alado. E não era Miragem.
Os mais atentos já terão percebido que falo do Bacamarte, desta edição remasterizada comemorativa que saiu faz dois anos. Eu tinha (e tenho!) o trabalho em vinil, da época, um tanto gasto já dadas as centenas de vezes que rodou em minha vitrola. O reencontro com um disco destes causa sempre emoção e alegria: Bacamarte é, para mim, um dos TOP 5 do prog nacional, possivelmente no primeiro posto.
A música do Bacamarte é dinâmica e tensa. Tensão esta mais evidente nos pequenos interlúdios instrumentais, como “Caño” (1:58) e “Controvérsia” (1:59). Mas esta tensão sempre se resolve, e positivamente, seja de uma maneira mais jocosa como no primeiro caso (que, afinal, serve como preparação para a épica “Último Entardecer”), seja de maneira mais beethoveniana como no segundo. Ou seja, não se iludam: as roupas brancas dos integrantes não anunciam esperanças ingênuas de um hippismo tardio, mas talvez (quem sabe?) nos permitam ver mesmo esperanças reais que enfim tínhamos com a Anistia e com a Abertura. Lembremos que o excelente prog espanhol também foi tardio e a causa disso foi um tanto política: o franquismo abotoa o paletó em 76.
A edição que ora tenho em mãos é bonita, mas nos deixa com um gostinho de quero mais. É um belo digipack, luxuoso, com curtos textos do Mário Neto e do Emílio Magnago, gerente comercial da Som Livre. É reproduzido também o encarte original do vinil, com foto em sépia da banda ensaiando no Circo Voador. Mas... não poderia ter mais? Não poderíamos ter mais fotos da época? Não poderíamos ter entrevistas com alguns dos músicos envolvidos e textos mais elucidativos acerca da trajetória da banda? Nenhuma faixa bônus??? Nenhuma gravação ao vivo da época? Sei que as dificuldades de se trabalhar com música de qualidade no Brasil são imensas, mas chateia esse “silêncio” ao passo que lá fora bandas do quarto e quinto escalão (e aqui me refiro a sucesso comercial, não a qualidade) têm edições comemorativas com encartes repletos de fotos, informações e bonus tracks. Se o problema é custo, ora, o fã (como eu) que paga 25 poderia pagar 35 por uma edição mais recheada. Fica aqui o toque, construtivo.
Aos interessados, espero que corram atrás do CD e não de links.
PS: Aquela flauta que se ouve no final de “UFO” é, na verdade, um flautim / piccolo? Alguém sabe dizer? Tenho quase certeza que sim, mas queria uma confirmação.
3 comments:
E não é que eu tenho esse LP? E o adoro!! Usei os versos finais de "Depois do Fim" como epígrafe em um conto, em um artigo sobre escrita e o cito frequentemente...
Evandro, não tenho muitas saudades do São José e de outras coisas da adolescência, mas de você e do Bacamarte eu tenho. Beijos pra família Domingues!
Parece que é um flautim sim. O baixista da banda e a mulher dele são nossos vizinhos e queridos amigos, e perguntei pra ela, ela confirmou.
Beijos
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