O Leitor, muito bom filme de Stephen Daldry (do belíssimo As Horas) empurou-me para a estante, em busca de livro comprado há anos porém jamais lido: Fragmentos - Memórias de uma Infância, de Binjamin Wilkomirski. Encontro-o, e a data no canhoto da livraria da PUC não me deixa mentir: Fragmentos foi adquirido em 13/03/00 e só lido agora, dez anos depois.
O que me fez lê-lo foi, naturalmente, a blockowa. Nisto, O Leitor tem o mesmo mérito de Fale com Ela: humaniza um personagem que, sem aquela caracterização anterior, seria apenas repositório de ódio e desprezo. Em Fale com Ela, o enfermeiro teve relações com uma paciente sua, em coma (estuprou-a?). Aqui, a ex-guarda de um campo de concentração participou de uma daquelas marchas insanas com os prisoneiros, já lá para o fim da guerra, quando os nazistas a sabiam perdida, e ainda deixou que os prisioneiros sob a sua guarda morressem presos em uma igreja em chamas. São crimes terríveis, e não digo que eles sejam relativizados ou amenizados. O que se passa é que os agentes (o enfermeiro, a ex-guarda) ganham outras dimensões. Personagem muy redondos, para dizer o mínimo.
O livro de Wilkomirski é de difícil leitura, dada a sequencia de atrocidades. Sei que foi este um dos motivos do lapso de dez anos: eu o temia.
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