Friday, April 30, 2010
Versão Unplugged
Sim, acho que a imagem já é conhecida por quem visita este blog...
Mas esta é a versão unplugged, feita pela Nina, para quem Dante manda um cheiro babado, uma manhã crocante, um pão-de-ló e uns versinhos:
Nina,
menina,
me nina?
Thursday, April 29, 2010
Lilypie
Ah, agora temos um Lilypie!!!! (Thx, Erica!)
Que delícia, que bobeira, que bobice.
E aguardem: novas postagens trarão música e desenho do Dante!
Que delícia, que bobeira, que bobice.
E aguardem: novas postagens trarão música e desenho do Dante!
Monday, April 26, 2010
Taxman
Esta é a época de se revoltar com o imposto de renda, de pagar o quinto, o dízimo, a derrama, para sustentar os parasitas de sempre, sejam eles da direita, do centro, da pseudoesquerda. E sem que haja, naturalmente, qualquer contrapartida social.
Neguinho faz passeata para reclamar dos royalties do petróleo, que o Rio está sendo roubado coisa e tal. Massa de manobra. Quer fazer passeata? Faz passeata contra a corrupção. Porque dinheiro há, a rodo (afinal, nunca se arrecadou tanto), o problema é que ele não chega aonde tem de chegar.
Lulinha Paz e Amor tanto criticava o vampiro do Efeagá, mas, eleito e reeleito, manteve intacta a máquina faminta de arrecadação. Intacta, não: aperfeiçoou-a, lustrou-a, tornando-a mais sanguinolenta.
Razão teve George Harrison, novinho ainda, back in 1966, ao escrever a canção "Taxman". Ele, que tinha que roçar ombros com, simplesmente, dois dos mais geniais singer-songwriters de todos os tempos, emplacou esta música no lugar de honra desta obra-prima que é o Revolver: primeira faixa do Lado A.
E a canção sobrevive, mais pertinente que nunca, letra a e música, um rock garagem que começa esquisito (como as garotinhas iê-iê-iê receberam aquelas vozes, aquela tosse, aquele grito inicial?), ponte perfeita que é entre a fase balada dos Beatles e o esplendor do experimentalismo e psicodelia que estava por vir.
George, um homem de poucas tours (uma apenas pelos EUA), inclui "Taxman" em excursão que faz pelo Japão com Eric Clapton em 1991. "There's always a taxman", he said.
TAXMAN
One, two, three, four...
Hrmm!
One, two, (one, two, three, four!)
Let me tell you how it will be
There's one for you, nineteen for me.
'Cause I'm the taxman,
Yeah, I'm the taxman.
Should five per cent appear too small
Be thankful I don't take it all.
'Cause I'm the taxman,
Yeah, I'm the taxman.
(If you drive a car) - I'll tax the street
(If you try to sit) - I'll tax your seat
(If you get too cold) - I'll tax the heat
(If you take a walk) - I'll tax your feet.
Taxman!
'Cause I'm the taxman,
Yeah, I'm the taxman.
Don't ask me what I want it for, (ah-ah, Mister Wilson)
If you don't want to pay some more. (ah-ah, Mister Heath)
'Cause I'm the taxman,
Yeah, I'm the taxman.
Now my advice for those who die
Declare the pennies on your eyes
And you're working for no one but me.
Taxman!
Friday, April 23, 2010
Mangia che te fa bene
Foto que vale por mil palavras? Ou precisa de mil palavras para explicá-la?
E eu pensava que difícil era dar aulas para adolescentes.
E eu achava que maravilhoso era conseguir dar essa aula!
Quando Dantinho abre a boca, seja de mosquitinho seja de jacaré (ô, evento raro, ô cometa Halley): nothing compares to.
Verdade que fica um cado de comida por aí: elefantinho, babador, cadeira, camisa, rosto, short, gato, chão, pai, ar.
Depois entra em campo o caminhão de água da Comlurb, daqueles de fim de feira.
Mas, ora.
Dani
Ontem foi dia Dani aqui em casa. Ela chega quietinha, sempre atrasada, sempre com surpresas na mochila. As de ontem: cupcakes tão bonitos que agora faz, e mala e cuia para preparar um bocado de tapiocas. Do nada vem a pergunta da cozinha: "Vocês têm polvilho doce?". Danoca, nem doce nem salgado, não pega a gente assim de improviso se o assunto é culinária.
Mas de improviso que é bom. Deliciosos os cãpiqueiquizinhos, maravilhosas as tapiocas (toalhas de papel com gosto). Deliciosos os carinhos no Dante, mas isso nem é surpresa. Bem, pra ele até que foi: ficou concentradinho, sentindo-se, sentindo o doce das polpas dos dedos da tia doceira.
Dani usurpou minha caçulidade mas eu a amo mesmo assim. Bota a gente junto, quebramos uma cama de tanto brincar ao som do Balão Mágico, ou atravessamos a ponte e vamos dar em Cymru (consultem o dicionário galês-português mais próximo). Se sobrar tempo, inda tomamos um whiskinho, já que agora somos crescidinhos, embora ela caçula, e eu, ex-caçula.
Sunday, April 11, 2010
Um Rio Subterrâneo II
Segue o terceiro movimento do terceiro quarteto (1946). Vejam e ouçam que beleza. A interpretação do Quarteto Emerson é soberba, visceral, própria para uma música escrita com sangue. Talvez tenham cometido o pecadilho de imprimirem um andamento por demais acelerado? Non lo so. Talvez eu é que tenha passado anos (mal) acostumado com a interpretação do Quarteto Borodin. Interessante que os dois violinos toquem de pé tal a força da música.
Um Rio Subterrâneo I
Um dos compositores mais atormentados e perseguidos do século XX, Shostakovich (1906-1975) costuma hoje enfrentar a mordacidade e o pedantismo daqueles que querem mostrar que gostam de "música difícil".
O amado Shosta não teria a inventividade de um Prokofiev (que eu também amo) ou de um Stravinski, para ficarmos apenas nos russos, pois teria feitos concessões a Stalin e ao seu odioso zdhanovismo.
Ora, em primeiro lugar, é fácil criticar de um lugar seco, seguro, de barriga cheia, não? Longe, no tempo e no espaço, de um regime político, o soviético, que torturava seus artistas, literal e/ou metaforicamente.
O que penso é o seguinte: se Shostakovich fez concessões para a "música oficial", a que deveria ser escrita para as massas, o teria feito apenas nas sinfonias. Mesmo assim, ponho isso em dúvida. Em primeiro lugar porque é preciso, repetindo, muito pedantismo para não enxergar conquistas modernas em suas obras para grandes orquestras. Em segundo porque, MESMO QUE TAIS CONCESSÕES HOUVESSEM SIDO FEITAS, seria preciso uma dose cavalar de cinismo e de frieza para não se emocionar com, citemos logo as mais famosas, sinfonias como a Quinta e a Sétima, obras-primas da humanidade, capazes mesmo de redimir esse monte de esterco e egoísmo de que é feito o ser humano. Não por acaso, são precisamente essas duas sinfonias que o maestro Leonard Bernstein escolheu para lhe acompanhar no túmulo (e além deste...).
E, last but not least, mesmo então que um ouvinte pedante e frio queira varrer Shostakovich para debaixo do tapete da música erudita do século XX, restar-lhe-ia o confronto com sua monumental obra de câmera.
E aqui a minha teoria: se, depois de amargar maus momentos, Shostakovich fez mesmo "concessões" em sua obra sinfônica, foi nos seus quartetos de corda (meio de expressão a que os Zdhanovs não davam tanto importância) que o gênio russo pode imprimir toda a sua genialidade.
As sinfonias, assim, ficaram como a mostra visível, a música "permitida" para a época. Por debaixo dessas, correm, em silenciosa fúria, seus 15 quartetos de corda. Como um rio subterrâneo.
O amado Shosta não teria a inventividade de um Prokofiev (que eu também amo) ou de um Stravinski, para ficarmos apenas nos russos, pois teria feitos concessões a Stalin e ao seu odioso zdhanovismo.
Ora, em primeiro lugar, é fácil criticar de um lugar seco, seguro, de barriga cheia, não? Longe, no tempo e no espaço, de um regime político, o soviético, que torturava seus artistas, literal e/ou metaforicamente.
O que penso é o seguinte: se Shostakovich fez concessões para a "música oficial", a que deveria ser escrita para as massas, o teria feito apenas nas sinfonias. Mesmo assim, ponho isso em dúvida. Em primeiro lugar porque é preciso, repetindo, muito pedantismo para não enxergar conquistas modernas em suas obras para grandes orquestras. Em segundo porque, MESMO QUE TAIS CONCESSÕES HOUVESSEM SIDO FEITAS, seria preciso uma dose cavalar de cinismo e de frieza para não se emocionar com, citemos logo as mais famosas, sinfonias como a Quinta e a Sétima, obras-primas da humanidade, capazes mesmo de redimir esse monte de esterco e egoísmo de que é feito o ser humano. Não por acaso, são precisamente essas duas sinfonias que o maestro Leonard Bernstein escolheu para lhe acompanhar no túmulo (e além deste...).
E, last but not least, mesmo então que um ouvinte pedante e frio queira varrer Shostakovich para debaixo do tapete da música erudita do século XX, restar-lhe-ia o confronto com sua monumental obra de câmera.
E aqui a minha teoria: se, depois de amargar maus momentos, Shostakovich fez mesmo "concessões" em sua obra sinfônica, foi nos seus quartetos de corda (meio de expressão a que os Zdhanovs não davam tanto importância) que o gênio russo pode imprimir toda a sua genialidade.
As sinfonias, assim, ficaram como a mostra visível, a música "permitida" para a época. Por debaixo dessas, correm, em silenciosa fúria, seus 15 quartetos de corda. Como um rio subterrâneo.
Tuesday, April 06, 2010
Top Top
Ai, livros.
Depois do iPod, a Apple lança agora o iPad. A intenção é simples: acabar de vez com os livros, não deixar página sobre página.
Este é apenas um e-reader a mais em um mercado que já conta com mais de 60 deles. O mais famoso até agora era o Kindle, da Amazon, que o iPad pretende destronar. O Brasil tem o seu Gato Sabido.
A discussão passa pelo apocalípticos X integrados do Umberto Eco. Se digo que só por cima do meu cadáver, estou mais para apocalíptico.
Se confesso que não faz nem semana troquei meu iPodizinho querido de 4 gigas por um de... 160 (mais que este computador aqui!), estou mais para integrado.
Aí, para desempatar, citarei o grande poeta Carlos Nejar: "Construí minha casa sobre aquilo que amo".
A discussão passa pelo apocalípticos X integrados do Umberto Eco. Se digo que só por cima do meu cadáver, estou mais para apocalíptico.
Se confesso que não faz nem semana troquei meu iPodizinho querido de 4 gigas por um de... 160 (mais que este computador aqui!), estou mais para integrado.
Aí, para desempatar, citarei o grande poeta Carlos Nejar: "Construí minha casa sobre aquilo que amo".
Se Maomé não vai à Galícia, que veña a Galicia...
Vou contar um segredo. Pensei em viajar na Semana Santa, sozinho, coisinha ligeira, por volta de três sóis quatro luas, para assistir ao Finisterrae, um festival de rock progressivo que aconteceria em A Coruña, Galícia, nos dias 1, 2 e 3 de abril. O Premiata tocou, o Magic Pie, o Pendragon, o After Crying, o Karmakanic, dentre outras bandas. Nossa, que vontade que deu! Mas aí, conversando com a Bia, achamos que não seria o momento, já que Tutuca continua fazendo serestas e ela poderia ficar, digamos, er, descompensada. Fiquei, pois, foi ótimo, passeei com Dante todos os dias, no sábado recebemos visitas e no domingo o coelhinho deu as caras.
Mas não é que, sábado, ao fazer supermercado para as visitas, encontro na seção de cervejas a... Estrella Galicia?! Justamente a cerveja galega, a cerveja da Coruña! E essa cerveja nunquinha tinha aparecido nas Sendas...
Bem, isso é coincidência ou não? Lica diz que sou o rei das coincidências. Mas acho que não. Ou sim. Coincidências acontecem a todo momento, numa quantidade tamanha que podem até deixar de causar surpresas. Basta estar ligado. E continuar se surpreendendo.
(Aliás, não foi coincidência também o post sobre os galegos do Milladoiro? Proposital não foi.)
Da cerveja: fraquinha, medíocre, lembra a Kaiser Gold. Eles a chamam de "premium", mas reconhecem nos ingredientes que ela leva milho!!! Pô que dianho de premium é essa?! (As nossas célebres brahma, antarctica, skol et catervam também levam carradas de milho. E de arroz. Mas não têm ao menos a dignidade galega de admitir...)
Friday, April 02, 2010
Milladoiro
Dante tem já suas musiquinhas de ninar: Marcus Viana (ex-Sagrado Coração da Terra) e três daquela série "for babies": Pink Floyd, Beatles e Elton John. Todos têm seus (diferentes) méritos, porém outro dia estava eu a passear com ele de carrinho pela sala e bateu vontade de escutar alguma coisa diferente, mas alguma coisa, ressalte-se, que também servisse para niná-lo, pois a hora era de dormir.
Milladoiro.
Conheci esta maravilhosa banda galega em 1988, quando larguei trabalho, faculdade, amigos e família para estudar galego em Santiago de Compostela por um mês. Fiz parte da primeira turma do hoje já afamado Curso de Galego para Estranxeiros. Só pelo Milladoiro já teria valido a loucura.
Em minha bagagem trouxe um Lp, O Berro Seco, e uma fita cassete (!), Galicia no Pais das Maravillas, que pronto se tornou um de meus discos diletos.
Voltei à Galícia oito anos depois, quando tive a chance de incrementar minha coleção do Milladoiro, desta feita, naturalmente, com CDs.
A música é tradicional e instrumental, extraída de diversos cancioneiros, mas ocasionalmente há composições do grupo. Os arranjos, as leituras feitas do rico manancial popular anônimo, têm o seu quê de modernizante, ou seja, as canções são arredondadas, podadas das asperezas próprias das músicas realmente populares. Etnógrafos, etnomusicólogos talvez torçam o nariz, mas o que importa é que o resultado é belíssimo.
O que Dante e eu ouvimos na sala foi precisamente o Galicia no Pais das Maravillas (com a participação das pandereteiras de Cantigas e Agarimos, que tocam e cantam em três músicas), até hoje meu trabalho preferido da banda, seja por razões "objetivas" (estaria a banda em seu ápice?), seja pelas razões desarrazoadas do coração, de vez que as músicas, profundissimamente evocativas, estarão sempre indelevelmente associadas à minha (a)ventura galega de 1988...
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