Se 1985 foi o ano do fim da nefasta e covarde ditadura militar brasileira, fico feliz que tenha sido também ano marcante em minha vida e, claro, marcante também por isso
Nunca esquecerei do ambiente do Colégio Marista S. José neste ano em que eu concluía o Ensino Médio e colégio, que, a propósito, criticava abertamente os desgovernos. É o que lembro. Se houve imbecis que os defendessem, minha memória seletiva apagou
Em 1977, a professora Elisa sentou com sua 3a série no chão (hoje 4o ano) e tocou e analisou "Meu Caro Amigo", do Chico. Em 1980 Ronaldes, de História, tocou "Mulheres de Atenas". Dois anos depois, dando OSPB (que merda, hein?), ele organizou um seminário maravilhoso sobre as eleições diretas para governador no Rio de Janeiro (eu já era Lysâneas Maciel, nome que ele secretamente sugeriu)
Mas 85 foi 85, os professores falando abertamente dos podres da ditadura covarde. Respirava-se ambiente oxigenado de liberdade, para o qual, contribuiu o BRock
Fui a uma exposição no centro da cidade, talvez na sala Sidney Miller da Funarte, não tenho certeza, estava tudo lá: numa parede: os nomes dos mortos e desaparecidos durante os 21 anos. Lembro de comentar (a quem??), sentindo-me muito conhecedor: se fosse na Argentina, seriam necessárias três paredes
Se havia uma certeza, ao menos em mim, era a de que um período como esse, que eu de fato experenciara diretamente muito pouco, pois nasci em 1968, não voltaria nunca mais, pois ninguém mais poderia querer aquelas coisas. A certeza de que não voltaria nunca mais
Que eu pudesse estar tão enganado me dói. E revolta