Tuesday, July 07, 2020

Guimarães Rosa Jurado de Concurso


Deus de Caim, do mato-grossense Ricardo Guilherme Dicke, é o romance que ficou em quarto lugar no Prêmio Nacional Walmap de 1967, que teve Guimarães Rosa, Jorge Amado e Antonio Olinto como jurados.

Em suas anotações, Rosa viu nele "traços geniais", mas criticou-o como desordenado, caótico, indepurado, bem como suas "excessivas alusões culturais-intelectuais". Foi das últimas coisas que ele, Rosa, fez em vida.

Quem gostava muito de Ricardo Guilherme Dicke era a Hilda Hilst. Hilda, sempre polêmica, dizia preferi-lo ao Rosa.

Primeira edição autografada, 1968, pela editora novata Edinova, prefácio de Antonio Olinto.

A mãozinha é do Dante.

Estou terminando a leitura, prazerosa em muitos momentos, mesmo profunda, mas que não raro esbarra no excesso de causos (uma praga do regionalismo) e, sim, nas "excessivas alusões culturais-intelectuais", como criticou Rosa.

E, ó que interessante, lá na página 225, o atormentado Isidoro, preso a uma cadeira de rodas em seu palacete, resolve bisbilhotar o quarto da irmã, que foi para Paris ter filho de uma relação incestuosa:

"Um grande urso de pelúcia verde abarcava o espaço em cima da estante de livros. Sobre a mesa uns livros amontoados. Leu-lhes os títulos. Aldous Huxley, Hesse, Dostoiévski, Guimarães Rosa, Jorge Amado, a Biblia, era lida a moça. Na pia, a água da torneira gotejava."

Ou seja, de autores nacionais, apenas o Rosa e o Jorge Amado! Dois dos três jurados do concurso para o qual Ricardo Dicke submetera o seu romance! Será que os nomes dos jurados foram divulgados de antemão? Faz pensar.




Monday, July 06, 2020

Indian Summer ~ Veranico


Hoje fez calor atípico para um mês de julho nesta cidade quente. Em inglês a uma onda de calor fora de época dá-se o (lindo) nome de "Indian Summer".

Não serei eu o único a achar o nome bonito, muito menos por questões de estranhamento da língua, já que me lembro de três músicas e uma banda com esse nome, de três bandas obscuras inglesas (as três conhecidas através do livro do Cesare Rizzi) e a quarta da norte-americana sobejamente conhecida, The Doors. Acho isso tudo curioso.

Em português, "Indian Summer" traduz-se por "veranico", mas nunca ouvi ninguém falando a palavra, exceto Bernardo Élis, que a usou como título de ótimo livro de contos.