Quando chegamos na casa da Dona Nadir no Mussuca, distante seus sete quilômetros de Laranjeiras, ela, que pitava seu cachimbinho reclinada no sofá, pôs-se de pé num átimo como se esperasse por nós há muitos anos. E de certo modo esperava e de algum modo esperávamos.
Logo passou a contar fagueira sobre o samba de pareia, que ela, descendente de escravos haussás, é praticamente a guardiã imortal única.
Dançam o samba de pareia na véspera de São João (com muita meladinha) e dançam, principalmente, para comemorar a chegada de um novo membro da comunidade quilombola, quando este completa quinze dias, que o samba é um ritual de nascimento. Nesses dias cantam e dançam das 2 da tarde às 7, que depois o neném tem que dormir e os pais, descansar.
Disse que Dona Nadir é a guardiã imortal única, mas o tempo pede cuidados e hoje, sábios, têm eles o grupo adulto e o grupo mirim.
Saímos de lá, o trocadilho é inevitável, renascidos, inda mais depois de ela dar uma palhinha pra nós.
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