Monday, May 01, 2017

Crônicas Sergipanas I : Cabeça de Galo (Já tomou a sua hoje?)



Já li Crônica de uma Morte Anunciada três vezes, inclusive enquanto estudante de espanhol na minha high school em Chicago, por isso me lembro de monte de coisas, como a sopa de crista de galo muito apreciada pelo bispo que chegou justo no dia em que mataram Santiago Nasar. Sopa de crista de galo, aquilo calou fundo em mim, não a ponto de desejar provar, pois nas duas primeiras leituras eu era ainda vegetariano radical.

Nunca provei a sopa, que hoje faria com imenso prazer. Cheguei perto agora em Sergipe ao tomar a famosa cabeça de galo, prato da culinária nordestina que também atende por caldo da caridade, caldo da fome (!!) e mingau de cachorro (!!!).

De galo não entra nem crista nem nada, só o nome. É um caldo de ovos engrossado com farinha. Tem-se o cuidado de manter o ovo inteiro na mistura, ao menos a gema. De resto, temperos triviais, como tomate, cebola, alho, pimentão, coentro. Ótimo exemplo de cucina povera, de que já tratei aqui, lembrou-me também certa sopa que tomei em Bucareste (aqui).

Bom para ressaca e para convalescentes. Eu tomei antes da moqueca de sururu e fiquei comovido com o dourado daquela gema.

Laranjeiras-SE

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