Monday, May 31, 2021

Vanda Spinello, Capista do Rock Progressivo Italiano


A minha capa preferida do rock progressivo italiano é a do meu disco preferido do rock progressivo italiano. Não é marmelada. Sempre me fascinou, me perturbou essa colagem disforme, variegada, a que não falta a cara do Bufão mussolini. A contracapa não é menos perturbadora: aqueles braços cruzados: o empresário que esmaga outro (concorrente? sócio?) por cima do braço macilento onde se injeta heroína.

O disco mais oscuro do Formula 3, o Sognando e Risognando, também tem capa perturbadora: aquela roda abrindo o corpo da ragazza. Tortura.

Mesmo uma banda mais doce, digna mesmo do adjetivo pastoral, a Reale Accademia di Musica (top 5), tem trabalho gráfico que não se limita à marionete: o porco, o açougue, a faca, sangue. Na parte interiror o mesmo porco toca violino.

Por trás dessas três capas, um nome: Vanda Spinello, às vezes Wanda. Pelo volume de trabalho, pela presença marcante em discos seminais do movimento, está para o prog italiano como Roger Dean e Paul Whitehead estão para o inglês. Não pela temática, como ficou provado.

Achou pouco? Spinello é responsável ainda pelas capas dos dois primeiros do Premiata, bem como pelo Darwin! de um certo Banco del Mutuo Soccorso e pelo Melos, do Cervello. Também fez a do Il Grande Gioco, do Albero Motore.

Numa entrevista, Vanda Spinello afirma ter feito umas 250 (!) capas de disco. Uma coleção que certamente vale a pena, ainda que o ideal mesmo fosse visitá-la e encomendar-lhe um retrato do Dante.


 









A entrevista pode ser vista aqui.

 

Friday, May 28, 2021

Habacuque + 11 vem aí

 

A boneca do meu livro Habacuque + 11 está pronta, de modo que já podemos planejar lançamento, possivelmente no dia 25 de junho, um dia como outro qualquer. Ou quase, para mim. 

Este livro contou até com um teaser, feito pelo amigo e colega de trabalho e guitarrista e ex-aluno Rafael Arosa. Gostei. Tem um time bom de vozes declamando os poemas: a Giana Araújo, a Ana Cecília, a Ariadne Dias, a Keila Querino, a Camila Veilchen. E meu pai, que escolheu o Jonas.

A música é de amigo recente, de comunidade de progressivo do Facebook, chamado Rafael Senra. Seu projeto é o Alfa Serenar. Os desenhos no teaser e no livro são do Felipe Stefani, já falado por aqui e que hoje dá aulas de desenho pra minha afilhada Paty. As fotos são minhas.

A coincidência, grande, enorme, 10 de 10 em nossa escala Richter de coincidências, é que o Rafael Senra é de Congonhas





Friday, May 21, 2021

Ninna Nanna

 Uma das músicas mais bonitas do progressivo italiano dos anos 70 não é conhecida por ninguém: "Ninna Nanna", do Stefano Testa, do seu único álbum de 77 (sim, também a ele esqueceram de avisar que o progressivo tinha acabado)

 
Violão, flauta, violoncelo e vocais de outro mundo (mais poético, de nuvens, alusões, onde o amor reagrupa as formas naturais)
 
A primeira música, a mais longa em seus 16', é sobre a morte e a vida de Cesare Pavese. Não é fácil, não poderia ser.
 
 

 

Thursday, May 20, 2021

Palmas para o Rock Progressivo III

Terceira postagem da série. A segunda está aqui. A primeira sumiu, já será refeita. 

As músicas são:

1) "Melodies of St. Kilda" (1971) -- The Masters Apprentices

2) "Bulerias" (1973) -- Carmen 

3) "Rhyme Well" (1974) -- Sigmund Snopek III

4) "Köyhän Pojan Kerjäys" (1972) -- Haikara

5) "Fantasma da Ópera" (1978) -- Olivia Byington e a Barca do Sol

 

1) The Masters Apprentice: como cabe tanto em menos de três minutos. Até palmas:

 


2) Carmen: às vezes me pergunto se não estou sendo desonesto em usar prog-flamenco, hehehe:

 


 3) Sigmund Snopek III: palmas muito especiais. E estalar de dedos

 


 

4) Haikara: num clima por vezes circense não poderiam faltar palmas, tanto que ao final há mais, mas estas nem contam, seria como contar as de "Get Back"


5) Olivia Byington e a Barca do Sol: ou não é?



Friday, May 14, 2021

A bandeira dos fascistas


Hoje vemos bandeira do Brasil na janela e logo sabemos que ali mora fascista. Mora apoiador de um desgoverno corrupto, cruel, burro. Um desgoverno genocida

Nem sempre foi assim: bandeira do Brasil = fascista

Quando Egberto Gismonti lançou disco maravilhoso em 1984, ele vinha recheado de bandeirinhas: capa, contracapa, parte interna, encartes, todo mundo pensando (n)o Brasil e agora podíamos fazê-lo já que a odiosa ditadura militar (64-85) chegava a seu termo

Pensávamos também que anos de chumbo jamais voltariam. Pensávamos

 


 



Fui atacado por um galo

 

Vejam a lanhada: fui atacado por um galo. Pelas costas! Ele, valentão, logo pulou à minha frente, mas levantei a perna e disse 'Sai pra lá, galo doido!' E ele foi cantar em outro terreiro

Ferido, mas sem interromper a caminhada, logo guglei "arranhão de galo", mas só apareceu arranhão de gato.

A marca na panturrilha.

Guglei "ataque de galo" e depois de 20 notícias sobre o Atlético Mineiro, aprendi que na Índia um homem morreu disso. Era galo de rinha. Dele. Na Austrália uma senhora teve suas varizes bicadas por galo. Morreu

O vermelhão em meu tríceps

Prossegui vagaroso, de mãos pensas.


Publiquei o texto acima (as garras na batata da minha perna) no Instagram. Amigos reagiram.

O Marcelo Ment: "Desde meus tempos de criança em Nova Iguaçu, não assistia o relato de uma 'galada', cheguei a presenciar algumas. Ah, pior do que uma galada, é bater de frente com um ganso nervoso, não deveria, mas até hoje tenho medo deles"

André Murray: "Aqui tivemos que doar o primeiro galo, batizado de Titi. Atacava. Atacou a Gabi, que se defendeu bravamente mesmo caída no chão. Quase matei o bicho na frente dela. Ela não deixou preparar meu famoso coq au vin então demos o Titi para o nosso jardineiro, após ele prometer a Gabi que o galo não iria pra panela. Foi merecidamente devorado por uma irara. O galo, não o jardineiro."

Ah, em meio às pesquisas no Google, recebi mensagem do Beto, a quem respondi: 'Peraí, Beto, fui atacado por um galo'. E ele: ainda bem que vc não disse isso em inglês