Havia algo de ominous em Laranjeiras. Por três ou quatro vezes nos vimos em meio a enxame de vespas, surgindo do nada. Perto da igreja do Carmo uma música evangélica infernal altíssima e o muro conspurcado 'Bolsonaro 2018'. Não bastasse, por três vezes fomos advertidos por moradores, sem que perguntássemos, a não prosseguir por determinado caminho, fosse uma ponte que levaria a um bairro, uma colina que levaria a uma igreja. Quando nos informamos, disseram-nos que de fato seria perigoso continuar.
Havia algo de aziago, dias e águas. Em mais de trinta anos de viagens, primeira vez que, numa cidade pequena, sinto a violência assim palpável no ar, ou a ameaça dela, por si já também violência. Como na linda cidade histórica de Laranjeiras as igrejas foram plantadas sobre as colinas, visitá-las significa necessariamente andar por descampados.
Foi minha segunda visita, num intervalo de vinte anos. Também desta não foi possível visitar a Comandaroba e a Sant'Aninha (da primeira tentei esta, mas fui afastado por cachorros). Life is a long song e espero ainda voltar, nem que seja daqui a vinte anos, in the sweet light of dawn, sem vespas, músicas evangélicas e ameaças. E o sujeito pixado no muro tenha já tido uma morte tão absoluta que, ao lerem seu nome em meu blog, perguntem "Quem foi?...".
2 comments:
Algo muito parecido aconteceu conosco em São Luís (não a parte da campanha presidencial). A intenção era cortar caminho para a Praia do Calhau. A nativa advertiu que não era muito seguro, mas o caminho era curto, era dia e o estava movimentado. Deu tudo certo, enfim.
Aliás, sinto falta da azulejaria da histórica São Luís aqui no blog...
Poi zé, Grazi... Quando estive no Maranhão, em 1989, eu já gostava de igreja velha e patrimônio histórico, mas não tinha um olhar para azulejos.... Preciso muito voltat.
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