A princípio soa esquisito que haja em Sergipe coisa chamada renda irlandesa. Passado o susto inicial, o maravilhamento continua, que as coisas bonitas são assim, a tal da joy forever do Keats.
Patrimônio imaterial tombado, o modo de fazer renda irlandesa configura um saber tradicional que vem sendo ressignificado principalmente pelas rendeiras de Divina Pastora, a partir de fazeres seculares que remontam à Europa seiscentista.
Cumpria, pois, ir à Divina Pastora, pela renda e pela sua linda matriz, com linda pintura no forro da nave e linda e curiosa imagem do orago bastante incomum no Brasil. Não conseguimos, dada a distância de 39 quilômetros e o pouco tempo. A peça que trouxemos foi comparada na capital, ainda que seja, e disso fazia questão, proveniente de Divina Pastora, feita pela rendeira Dona Aurora.
Assim como o arraiolo de Minas, aqui não há muito lugar para barganhas. Uma peça grande chega mole aos quatro dígitos. Trouxemos peixinhos amarelos, que agora nadam em nossa sala. Fios de um amarelo muito brilhoso fixado a um debuxo feito em papel manteiga -- isto, a renda irlandesa sergipana.
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