Na postagem sobre os shows deste ano (aqui), não escolhi o melhor, por chato e impossível que seria. Mas o Oscar do mais inesperado vai sem dúvida para o Magma, empatado com o Locanda: duas faces do mesmo universo prog, a luminosa, a obscura. Ao fim, ambas luminosas e obscuras por nos levar a caminhos pouco ou nada trilhados.
Com o Magma tive uma das epifanias musicais mais fortes da vida: era a primeira metade da década passada e eu, que então comprava CDs compulsivamente na Amazon e num site sueco, pus o MDK no discman ao entrar num táxi, numa tarde de sexta-feira entre uma aula e outra.
A pessoa que então desembarcou do táxi era já bem diversa daquela que entrou.
Não me lembro de como foi a aula, apenas lembro que alguns alunos me olhavam boquiabertos, decerto misturei kobaïan ao inglês e português.
O final de semana todo foi assim.
Eu não imaginava como poderia ser um show do Magma, mas o show de São Paulo superou expectativas tidas e não tidas. Não deixa de ser curioso que uma música 'difícil' consiga bater tão de imediato. Ou eu não teria tido a epifania.
Dentro do vasto panorama do rock progressivo (as duas bandas aqui citadas provam-no), criaram um subgênero e, não satisfeitos em criar uma linguagem, uma nova língua. Se o rock progressivo pode ser encarado como estilo ou atitude, esbanjaram atitude. Se depois passaram a compor dentro do estilo zeuhl, a atitude de aventura jamais perdeu-se. Muito pelo contrário, a Christian Vander cabe, como a poucos, o epíteto de visionário.
Ler seus textos para o Studio Zünd, a caixa maravilhosa de 2009, é prova. Ouvir Ëmëhntëhtt-Ré, lançado quarenta anos depois da estreia, idem.
Há palavra inglesa de que sempre gostei, de difícil tradução : uncompromising. Quem entende minimamente Magma ou Van der Graaf saberá o significado.
Com a Stella Vander |
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